25/02/2013

A LEI DA SEMEADURA



A preocupação de Paulo neste capítulo é a reação que os irmãos devem ter para com os que cometem pecado. Após os ensinamentos nos capítulos anteriores, espera-se que o Amor prevaleça sobre toda e qualquer atitude humana que queiramos praticar.
 I. LEVAR AS CARGAS UNS DOS OUTRO
 “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo. Porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana. Mas prove cada um o seu labor e, então, terá motivo de gloriar-se unicamente em si e não em outro. Porque cada um levará o seu próprio fardo. Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas aquele que o instrui. Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6.1-10).
 Os ensinamentos falsos eram uma preocupação do apóstolo que a todos combateu com a autoridade dada por Cristo. Esses ensinamentos estavam causando divisões entre os gálatas. Havia ataques mútuos (5.15). Isso impedia os irmãos de trabalharem mutuamente pelo Evangelho e superar as batalhas espirituais. Se um irmão cair em pecado, o outro, que anda no Espírito, deve corrigi-lo (em Amor) (6.1). O pecado gera culpa, então precisamos levar o fardo de quem está assim (6.2) e cumprir a Lei de Cristo (Jo 13.24 e 14.12), que depende toda lei (Mt 22.36-40).
O carnal não ajuda seu irmão, pelo contrário, procura apresentar-se perante o caído com superioridade (6.3). Mas tal visão é errônea porque cada um será julgado individualmente de acordo com a sua conduta (6.4-5; 2ª Co 5.10). A responsabilidade daquele que recebe instrução é participar com boas notícias sobre o seu bom proceder àquele que lhe deu instrução (6.6). Não há lugar para superioridade entre os irmãos porque a mesma lei será usada para ambos pois “aquilo que o homem semear, aquilo também ceifará” (6.7). Paulo convoca os cristãos a produzir o Fruto do Espírito que são nove (5.22-23). Ele sabe que o que a carne semear, vai se tornar pecado ou fruto da carne (5-19-20), aqui designado de corrupção (6-8). O cristão que pratica o bem não se cansa (6.9) porque Deus renova as nossas forças (Is 40.31). Deus vai criar muitas oportunidades para o cristão fazer o bem e Ele não quer que qualquer oportunidade criada por Ele seja desperdiçada (6.10) principalmente para os que fazem parte do Corpo de Cristo.
 II. GLORIAR-SE NA CRUZ DE CRISTO
“Vede com que letras grandes vos escrevi de meu próprio punho.Todos os que querem ostentar-se na carne, esses vos constrangem a vos circuncidardes, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne. Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo. Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura. E, a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus. Desde agora, ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito. Amém!” (Gl 6.11-18).
 Paulo quer chamar a atenção para os assuntos abordados: “Vede com que letras grandes vos escrevi” (6.11). Esses assuntos são de extrema importância. Explica que os que estavam defendendo a circuncisão para a salvação e outras práticas do Velho Testamento, conhecidas por Galacionismo, não estavam interessados em ajudar as pessoas ensinadas por Paulo, mas apenas em causar divisão e confusão. Os “Falsos Irmãos” queriam evitar a perseguição por parte dos judeus (6.11-12). O próprio Cristo já havia alertado que o Cristianismo traria divisão e ódio: “Sereis odiados de todos por causa do Meu nome; aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt 10.22).
Eles se gloriavam na carne, com um sinal que era visível e não na “cruz de Cristo” (6.13-14). Paulo continuava firme e confiante na Cruz de Cristo, que apesar da perseguição, era a descrição mais completa da alegria que o homem poderia almejar: vida eterna. Paulo vê a pobreza espiritual dos circuncisos, pois havia a segunda parte do ritual: Cumprir todos os mandamentos da Lei (6.13). A Cruz era completa, a Cruz enxergada pelos espirituais não era fardo algum, os conduzia, pelo Espírito Santo, a produzir os seus nove sabores. Paulo estava crucificado para o mundo (6.14) e não iria voltar a praticar tais absurdos em nome de uma religião fria e incompleta. Pedro diz aos que voltam ao mundo o seguinte: “O cão voltou ao seu próprio vômito e a porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal” (2ª Pe 2.22).
O verdadeiro convertido vem, não por meios carnais, e sim pela circuncisão do coração, para se tornar uma nova criatura (6.15). Paulo demonstra estar habituado a ver irmãos que querem deturpar as suas epístolas (6.16). Seus ensinamentos, que foram outorgados por Cristo, não seriam interrompidos por um grupo que caminhava para a sua própria destruição (6.16). Não havia mais nada a falar. Todos estavam, de antemão, alertados sobre os “Falsos Irmãos”. Necessária seria muita atenção para que ninguém caísse como os tais insubordinados (6.17). Por fim, o apóstolo deixa evidente que há muito a andar e crescer na presença de Cristo, Graça e Conhecimento eram aspectos inesgotáveis (6.18). Aquilo que os judaizantes evitavam, para Paulo era uma glória: “gloriar-me, senão na cruz do nosso Senhor Jesus Cristo” (6.14). Glórias a Cristo eras esperadas dos que realmente viessem a compreender o conteúdo dessa epístola, e como ele, gloriarem-se na cruz de Cristo.
Tanto nos tempos de Paulo e como agora, um dos problemas mais sérios que afeta a igreja é o legalismo, que arrebata o gozo do Senhor da vida do crente e com o gozo se vai o verdadeiro poder para adorar a Deus “em espírito e em verdade”.
O legalismo é uma atitude carnal que se conforma a um código, com o propósito de exaltar a pessoa, ou seja, exaltar a si mesmo e ganhar méritos, ao invés de glorificar a Deus pelo que Ele tem feito; e o poder é a carne, não o espírito, que produz resultados externos somente similares à verdadeira santidade. Os resultados são, na melhor das hipóteses, falsificações e não podem jamais aproximar a santificação genuína, por motivo da atitude carnal e legalista.
Entre os fariseus convertidos na igreja de Jerusalém, houve os que insistiram na submissão da lei para se salvarem. Eram os “zelosos da lei mosaica” (cf. At 21.20) ou judaizastes. Mas Paulo que era comprometido com o evangelho de Jesus não podia aceitar a mistura no cristianismo.
A Bíblia, particularmente o Novo Testamento, não é a Verdade para os seguidores da lei, porque se dizem cristãos? Seria melhor e mais coerente declararem-se prosélitos do judaísmo e partidários da seita dos fariseus, porque seriam muito mais claramente entendidos pelos verdadeiros cristãos.
O crente salvo tem as marcas de Cristo (2ª Co 11.23-27), que são as marcas provenientes da perseguição em contraste com a marca da circuncisão imposta pelos judeus.
“Foi alguém chamado, estando circunciso? Não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado, estando incircunciso? Não se faça circuncidar. A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus” (1ª Co 7.18-19).
 O que importa na vida cristã é a obediência porque comprova a existência do amor e fé. Existem crentes que se apegam nas coisas físicas e carnais e esquecem-se das espirituais. Paulo diz que não é a circuncisão, e nem incircuncisão, não é um rito exterior que vai garantir a nossa salvação, mas ser uma nova criatura em Deus. Não é pela aparência exterior que julgamos se somos salvos ou não, ou porque guardamos dias, meses ou ano (Gl 4.10). Jesus mesmo ensinou seus discípulos dizendo: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela Justiça”. (Jo 7.25). Os fariseus julgavam pelas aparências, mas Jesus nos ensinou que não é assim o verdadeiro julgamento. A justiça é as vestes do cristão salvo, o fruto do Espírito e bom caráter e separação das concupiscências carnais é que irão mostrar a diferença do cristão salvo, santo e regenerado.

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