A epístola aos Gálatas foi
escrita para salvar o cristianismo do legalismo judaico. Seu assunto continua
atual, pois em qualquer época há sempre o risco de alguém, ou um segmento da
igreja se inclinar para o legalismo religiosos.
I. O APOSTOLADO DE PAULO
“Paulo, apóstolo, não da parte de
homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai,
que o ressuscitou dentre os mortos” (Gl 1.1).
Paulo começa a sua epístola com
as saudações de costume (ver Rm 1.1-7 e a Introdução às Epístolas).
Neste versículos, Paulo se
apresenta-se como apóstolo (= enviado), como em todas as sua outras epístolas,
deixando claro que foi nomeado como tal por Jesus Cristo e por Deus Pai (cf. At
9.3-6; 26.15-18). Portanto, a mensagem que anuncia não é invenção humana. (Cf.
também Gl 1.11-12).
Este é o prefácio da defesa de
seu ministério que será defendido nos capítulos 1 e 2. Havia um questionamento
sobre o seu ministério ser menor que o do apóstolo Pedro. Os 12 apóstolos
tiveram contato direto com Cristo, Paulo não. Porém, o Cristo que se encontrou
com Paulo já estava ressurreto. Quando esteve com os discípulos, Jesus era
homem e Deus, com Paulo, era somente Deus!
II. A DEFESA DE PAULO
Paulo alega que seu ministério
“não tem parte com homens” e “nem por intermédio de homens”. Com isso, ele se
defende de uma acusação (1.10). É necessário que Paulo utilize da autoridade do
nome de Cristo e de Deus Pai, que são formulações de fé, para combater seus os
inimigos do evangelho.
É comum: “apóstolo de Jesus
Cristo” ou “apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus” (1ª Co 1.1), ou
“como servo de Jesus Cristo” (Fl 1.1). Sua fé está totalmente baseada no
sacrifício de Jesus Cristo (1.34), chamando a todos que entender os benefícios
desse sacrifício a dar-LHE “Glória pelos séculos dos séculos”.
Paulo começa a defesa de seu
ministério, apresentando a defesa de sua fé. Paulo tem certeza que o seu
ministério é bem sucedido porque está totalmente fundamentado no sacrifício
vicário de Jesus: Ele agrada a Deus por ser servo de Cristo (1.10).
A grande maioria dos líderes
labuta para defender seus cargos, seus interesses, suas tradições. Os ministros
foram chamados para uma vocação santa e digna, mas para ministrar as Verdades
da Santa Palavra de Deus e defender a Noiva de Cristo contra os ataques do
diabo e de seus ministros. Todavia, isto não é priorizado se as mensagens são
apenas bajulações de comodismo, deixando de lado a pregação genuína do
Evangelho.
III. O ESPANTO DE PAULO
“Admira-me que estejais passando
tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o
qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o
evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos
pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim,
como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além
daquele que recebestes, seja anátema” (1.6-9).
Paulo apresenta o motivo de sua
carta: havia um grupo de irmãos que estava perturbando (1.7) o pleno entendimento
do Evangelho de Cristo. Esses “falsos irmãos” eram considerados judaizantes
porque defendiam que o Evangelho, para ser perfeito deveria praticado
juntamente com a Lei de Moisés, ou seja, retornar ao LEGALISMO, e assim
pregavam outro evangelho (1.6). Paulo tem uma clara constatação: Os gálatas
ainda estavam agindo como bebês na fé, tal qual um neófito, inconstantes na fé
que receberam.
Paulo está admirado com a
susceptibilidade dos gálatas aos argumentos dos oponentes. Eles também foram
chamados para o evangelho de Cristo, mas tão depressa mudaram para “outro
evangelho”, isto é, um evangelho adulterado. A Bíblia afirma claramente que há
um só Evangelho, “O Evangelho de Cristo”, e esse Evangelho nos veio pela
revelação de Jesus, e pela inspiração do Espírito Santo. Mas alguns vos
inquietam vos perturbam, e querem mudar o Evangelho. O Evangelho é definido e
revelado na Bíblia, a Palavra de Deus. Evangelho quer dizer: “Boas Novas de
Salvação”.
Deus “chamou” os gálatas, por
meio do Evangelho de Cristo para o novo estado salvício (1.6s; 5.8), para o
estado da “graça de Cristo” ou de “Deus” (1.6; 2.21; 5.4). Este estado
fundamenta-se unicamente na “cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (6.14). Agora,
contudo, existe o perigo de que os gálatas já tivessem caído dessa graça (1.6;
5.4), pelo fato de serem seduzidos pelos judaizantes (1.7; 3.1; 5.10), terem
eliminado o escândalo da cruz (5.11), crendo que o evangelho ensinado por
Paulo, precisasse de um complemento (5.3; 6.12).
Paulo advertiu os Gálatas que o
evangelho que os pregadores estavam ensinando era “outro” (gr. allos) “um outro
tipo, diferente”, “o qual não é outro”. O verdadeiro evangelho, que vem de
Deus, segundo Cristo, e não casado com a lei.
Este evangelho diferente
consistia não somente em crer em Cristo, mas também ligar-se à fé judaica
mediante a circuncisão (5.2), as obras da lei (3.5) e a guarda dos dias
judaicos (4.10).
Paulo, então, faz duas
declarações:
A. Ainda que um anjo venha do céu
e diga algo além do que ele pregou, seja anátema (maldito).
B. Se alguém fizer semelhante ao
anjo, também seja anátema. Ou seja, ser humano ou celeste não tem supremacia
sobre o que Cristo ensinou e Paulo que retransmitiu na íntegra.
A palavra “anátema” (gr.
anathema) significa alguém que está sob maldição divina, condenado à destruição
e que será alvo da ira divina e da condenação eterna. Aqueles que corrompem o
evangelho, Paulo chama-os de “Anátema”, ou “maldito”. O fato de o apóstolo
amaldiçoar duas vezes esses hereges mostra a seriedade do assunto. Estavam
propagando outro evangelho, privando os cristãos da liberdade com que Jesus nos
libertou, transferindo para o homem a honra e a glória que pertence
exclusivamente a Deus, oferecendo a salvação por meio de recursos humanos. Eis
porque Paulo foi tão contundente com esses hereges.
Malditos (“anátema”) são todos
que pregam um evangelho contrário à mensagem que Paulo pregava de acordo com a
revelação que Cristo lhe dera (vv. 11-12). Quem acrescenta ou tira algo do
evangelho original e fundamental de Cristo e dos apóstolos, ficam sujeitos à
maldição divina: “Deus tirará a sua parte do livro da vida” (Ap 22.18-19).
Deturpar o Evangelho é uma forma
de iniqüidade, e é abominável, anátema, condenável à perdição eterna.
O apóstolo Paulo, inspirada pelo
Espírito Santo, revela a atitude, de julgamento e indignação para com aqueles
que procuram perverter o evangelho original de Cristo (v. 7) e mudar a verdade
do testemunho apostólico. Igual atitude evidenciava-se Jesus Cristo contra os
falsos líderes religiosos que rejeitavam em parte a Palavra de Deus,
substituindo a revelação divina por suas próprias idéias e interpretações (Mt
23; Mc 7.6-9).
Os Gálatas eram filhos na fé de
Paulo e, além disso, o apóstolo amava de verdade. Paulo estava lidando com algo
muito nocivo à igreja. Diante disso ele precisava realmente ser muito duro com
eles. Aqui ele deixa claro que não tinha nada pessoal contra eles; o assunto
tinha a ver com a verdade do evangelho.
Os fariseus estavam perturbando a
outros e distorcendo a verdade enquanto espalhavam heresias doutrinárias. Sua
mensagem herética era que os gálatas cristãos deviam permitir que Moisés
terminasse o que Cristo havia começado. Em outras palavras, a salvação não vem
pela fé apenas ela exige obras. O empreendimento humano deve acompanhar a fé
sincera antes que você possa ter certeza da sua salvação. Continuamos a ouvir
esse “evangelho diferente” até hoje e ele é uma mentira. A teologia que defende
a salvação apoiada no desempenho humano não representa boas novas, e sim, um
engano. É heresia. Atingiu o ponto crucial do problema: a situação de
distanciamento do Evangelho em que se encontrava a Igreja.
O Evangelho que Paulo apresenta
aos Gálatas (1.9), é o tema central apresentado na forma concreta do evangelho
ensinado por Cristo Jesus.
Em 1.11-12, ele volta com o
assunto dos versículos 1.8-9: O apóstolo deixa claro que ele não é um anátema.
Faz-nos lembrar que seu encontro com Cristo no caminho de Damasco, At 9.2-3,
foi o início de um grande período de aprendizado. Ele relembra que, como judeu,
foi um praticante improdutivo e perseguidor da igreja (1.13).
O Senhor Jesus fez uma única vez
e por todos um sacrifício perfeito! E muitos pela sua fé em obras e coisas
materiais e homens etc. estão desfazendo o que o Eterno fez no Filho a
salvação! A única coisa de que precisamos é: sermos merecedores dessa vitória
já conquistada por Cristo! E não em dias, homens que são idolatrados, coisas
materiais e etc. Tudo o que está aí vai desaparecer! A única coisa que é eterna
é a nossa nefesh (alma) e o nosso rûah (espírito) e isso levamos conosco: A
nossa bondade ou ruindade em ações e pensamentos do “coração”! Por isso mesmo
não devemos mudar a salvação que já nos foi dada! Devemos sim sermos mais do
que merecedores dessa salvação! Pois a fé é misturada a coisas materiais desse mundo
e isso está muito errado!
Para os reformadores, somente a
Escritura Sagrada tem a palavra final em matéria de fé e prática: Sola fide –
fé somente.
A salvação que começa com amor de
Deus estendendo-se à humanidade perdida e é em prática pela morte e
ressurreição de Cristo resulta em todo o louvor sendo dado a Deus. Mas, a
salvação que inclui ritos e práticas humanas, trabalho árduo, esforço pessoal e
até mesmo rito religiosos distorce as boas novas porque o homem recebe a glória
e não Deus. O problema é que ela apela para a carne.
Deus ordena os crentes a defender
a fé (Jd 3), a corrigir os errados com amor (2ª Tm 2.25-26) e a separarem-se
dos falsos mestres, que na igreja negam as verdades bíblicas fundamentais
ensinadas por Jesus e os apóstolos (Rm 16.17-18); 2ª Co 6.17). Essas verdades incluem:
a salvação pela graça mediante a fé em Cristo como Senhor e Salvador efetuada
pela expiação através de sua morte e do Seu sangue (Rm 3.24-25; 5.10).
IV. O EVANGELHO QUE PAULO RECEBEU
E PREGOU
“Porventura, procuro eu, agora, o
favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda
a homens, não seria servo de Cristo. Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o
evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem
o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (vvs. 10-12).
Falsos mestres foram aos gálatas,
procurando persuadi-los a rejeitar os ensinos de Paulo e aceitar “outro
evangelho”. Os judaizantes, um grupo de judeu legalista da Igreja Primitiva,
(que não respeitaram o concílio de Jerusalém At 15), tentavam casar a mensagem
da salvação em Cristo com o contexto da lei mosaica (Dt 4.2). Cristãos imaturos
criam nos ensinos distorcidos dos judaizantes. Esses ensinos envolviam outros
ensinos além da justificação pela fé. Falsos ensinos continuam sendo muito
persuasivos.
Na falta de entendimento do
sentido do evangelho, por outro lado, cria-se uma igreja imatura que
dificilmente experimentará um crescimento normal não sendo capaz de transmitir
o evangelho de forma que faça sentido ao restante do grupo. Um dos grandes
desafios que temos perante nós hoje é aprender com o nosso passado e pregar um
evangelho que faça sentido na sociedade.
A falta de critério sadio e
benéfico no corpo de Cristo tem trazido sérios prejuízos á Igreja, pois estão deixando
de lado a Palavra de Deus para seguir suas regras, conceitos pessoais e
denominacionais.
Os acusadores do apóstolo diziam
que Paulo procurava agradar aos gentios pregando-lhes uma mensagem e, da mesma
forma, aos judeus, pregando outro evangelho. O apóstolo declara que seu
compromisso era com Deus, e não com os homens (v. 10).
“Aquilo que anunciamos a vocês
não se baseia em erros ou em má intenção; e também não tentamos enganar
ninguém. Pelo contrário, sempre falamos como Deus quer que falemos, porque ele
nos aprovou e nos deu a tarefa de anunciar o evangelho. Não queremos agradar as
pessoas, mas a Deus, que põe à prova as nossas intenções” (1ª Ts 2.3-4 - NTLH).
A mensagem de Paulo era fiel,
verdadeira e sem engano. A sua doutrina era sã, pura e inalienável, pois seu
compromisso era com Deus e não com os homens.
Uma grande falha da igreja nos
dias de hoje, é a tendência de algum líder que procura acomodar o evangelho as
doutrinas humanas (tradições) como meio de salvação. O apóstolo Paulo sabia que
isto acabaria destruindo a mensagem de Cristo. Paulo esforça-se para mostrar
aos crentes que o simples evangelho é suficiente para suprir as necessidades
deste mundo. É tudo que o ex-fariseu Paulo tem usado em qualquer ocasião no
estabelecimento do reino de Deus. Ele prega nada mais do que Jesus Cristo
crucificado, morto, mas ao terceiro dia ressurreto.
Uma situação semelhante existe
hoje. Há pregadores que aceitam as hipóteses e as especulações tradicionalistas
ou filosóficas tais como humanismo, legalismo, liberalismo de doutrina, sem
questioná-las, colocam o Evangelho dentro de suas idéias. A mistura deste todo
não é Evangelho, mas sim, uma distorção da verdade, feita pelos homens. O
Evangelho de Cristo não deve ser de modo algum, acomodado a qualquer sistema
humano.
Todo e qualquer movimento
religioso que põe a revelação particular e a experiência pessoal acima da
revelação divina através da Bíblia Sagrada, cai em graves erros de
interpretação da doutrina cristã. É o que está acontecendo com determinadas
igrejas cristãs nos dias atuais. Vão além do que está escrito: Paulo estava
percebendo que a exigência de guardar a lei na igreja dos gálatas estava além
do Evangelho, isto é, adulterando o Evangelho genuíno de Jesus Cristo.
Quaisquer ensinamentos, doutrinas ou idéias originados em pessoas, ou
revelações, que não estejam expressos e mediante a Palavra de Deus, não podem
ser incluídas no Evangelho. Misturá-los com o conteúdo original do Evangelho é
transtornar ou adulterar o Evangelho, e esses não herdarão o reino de Deus. (1ª
Co 6.9-10).
Por isso que o apóstolo Paulo
comenta dizendo:
“Pelo contrário, rejeitamos as
coisas que, por vergonhas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando
a Palavra de Deus; antes recomendamos à consciência de todo o homem na presença
de Deus, pela manifestação da verdade” (2ª Co 4.2).
“Ao falar acerca destes assuntos,
como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas
coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como
também deturpam as demais Escrituras, para própria destruição deles. Vós, pois,
amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que,
arrastados pelo erro desses insubordinados, decaiais da vossa própria firmeza”
(2ª Pe 3.16-17).
A segunda carta de Pedro foi
escrita para avisar do perigo de divisões na igreja, causado por falsos
mestres, que nela viriam introduzir-se no futuro.
“Assim como, no meio do povo,
surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os
quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até a ponto de
renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmo repentina
destruição” (2ª Pe 2.1).
O diabo falhou ao tentar a igreja
primitiva por ataque externo através das injúrias, injustiças e abusos das
autoridades pagãs do Império Romano. Agora, o apóstolo prediz uma tentativa de
destruição interna, quando escreve: “haverá entre vós falsos mestres”.
O grande apóstolo, antes do seu
martírio em 68 a.D., numa última tentativa, escreveu à igreja despertando-a ao
dever de guardar a sã doutrina. Pedro não desejava pregar uma nova doutrina,
mas simplesmente exortá-los a estarem vigilantes e bem armados para que ninguém
viesse arrastá-los pelo erro destes insubordinados, levando-os a cair da alcançada
graça em Cristo, (2ª Pe 3.17). Para evitar este perigo eles precisam “crescer
na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (3.18).
O crente deve ter um bom
conhecimento da Palavra de Deus, para não ser vítima de heresias. Por isso,
cada crente deverá estudá-la com amor e dedicação, de modo sistemático, com a
ajuda do Espírito Santo.
V. O MESTRE BÍBLICO DE PAULO
Saulo era um jovem judeu da
cidade de Tarso da Cilícia, criado aos pés de Gamaliel, um dos maiores rabinos
da sua época (At 22.3). Com o seu profundo conhecimento nas Escrituras do
Antigo Testamento, estava preparado para defender o antigo sistema de fé de
seus pais. Depois de Yahveh ter revelado que Jesus o Messias prometido nas
Escrituras, no caminho de Damasco, ele passou a pregar a Cristo segundo as
profecias do AT. O Senhor mostrou-lhe a relação entre a lei e o evangelho
quanto à salvação unicamente através da fé em Jesus Cristo.
Paulo era um ardoroso defensor da
fé judaica antes de se tornar um defensor da fé cristã.
“Porque não recebi, nem aprendi
de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo” (v.12).
Ninguém pregou para Saulo de
Tarso; foi o próprio Jesus quem apareceu a ele (At 9.3-6, 15). É isso que ele
quer dizer, quando diz que não recebeu e nem aprendeu de homem algum. Aqui ele
faz uma demonstração da declaração feita em Gl 1.1. Ele reivindica com muito
vigor e propriedade a origem divina do evangelho completo que pregava e
ensinava.
VI. SUA CONDUTA NO JUDAÍSMO
“Porque ouvistes qual foi o meu
proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e
a devastava. E, na minha nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da
minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais” (vvs.
13-14).
Ele lembra aos seus leitores a
sua origem. Era praticante fervoroso do judaísmo, religião dos judeus. Era
inimigo implacável de Jesus Cristo; consentiu na morte de Estevão. Perseguiu
ferozmente os cristãos não só de Jerusalém, pois estava a caminho de Damasco,
no enlaço dos discípulos de Jesus (At 8.1-3; 9.1-2). Assim mostra o seu zelo
pelo judaísmo e a sua disposição para exterminar a igreja de Jesus Cristo. No
entanto foi alcançado pela graça de Deus. Um homem radical assim, não seria transformado
em outro homem com outro conceito de
teologia, com outra visão de
mundo, se Deus não estivesse nesse negócio. Era impossível ser essa doutrina
originada no judaísmo.
Porém o diabo é astuto, como ele
havia perdido o seu maior discípulo nessa guerra, passou então usar os falsos
mestres para misturar o genuíno evangelho com a Lei de Moisés o qual não é
diferente hoje.
VII. PAULO UM VASO ESCOLHIDO
“Mas, quando aprouve a Deus, que
desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça”. (v. 15).
Quando Jesus se revelou a Saulo
disse que ele era um vaso escolhido (At 9.15). O apóstolo afirma, muitos anos
depois de sua conversão, que já fora escolhido por Deus para esse ministério
desde o ventre de sua mãe.
Paulo reconhece a onisciência de Deus
ao separá-lo antes de nascer para a obra da salvação (1.15).
VIII. “NÃO CONSULTEI NEM CARNE E
NEM SANGUE” (V.16)
É uma referência a seu encontro
pessoal com Jesus no caminho de damasco e que não procurou os apóstolos, para
ser doutrinado por eles.
“Nem tronei a Jerusalém, a ter
com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei
outra vez a Damasco. Depois de três anos, fui a Jerusalém para ver Pedro e
fiquei com ele 15 dias. E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago,
irmão do Senhor” (Gl1.17-19).
Ele foi para a Arábia por um
longo tempo e daí voltou a Damasco. Paulo não estava com isso menosprezando a
autoridade dos demais apóstolos; o que ele estava dizendo é que tinha a mesma
autoridade deles. Ele não esteve três anos e meio com o Senhor Jesus no Seu
ministério terreno, como os apóstolos em Jerusalém, mas recebeu diretamente do
Senhor o seu evangelho. Ele diz: “nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já
antes de mim eram apóstolos”.
Deus usou esse homem mais que
qualquer um dos apóstolos (1ª Co 15.10). Sua sabedoria sua espiritualidade, seu
talento, sua criatividade, seu ímpeto, seu zelo e disposição no trabalho.
Somando a isso sua bagagem cultural, o extraordinário conhecimento do Antigo
Testamento, com a graça de Deus e a inspiração do Espírito Santo, são a causa
da sua teologia.
IX. COMO PAULO SOUBE DE TUDO
ISSO? É ISSO QUE ELE EXPLICA EM GÁLATAS 1.11-24
Paulo sabia que os gentios eram o
foco de seu ministério. Por isso ele não subiu a Jerusalém (local dos judeus).
Lá já havia Pedro e outros para pregar a eles. Está intrínseco que a obra de
Deus não era mais restrita aos judeus que por terem a primazia, se tornaram
arrogantes e totalmente irresponsáveis com a eleição que lhes foi concedida
desde Abraão.
“Decorridos três anos, então,
subi a Jerusalém para avistar-me com Cefas e permaneci com ele quinze dias; e
não vi outro dos apóstolos, senão Tiago, o irmão do Senhor. Ora, acerca do que
vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto. Depois, fui para
as regiões da Síria e da Cilícia. E não era conhecido de vista das igrejas da
Judéia, que estavam em Cristo” (Gl 1.18.-22).
Por ter Paulo consciência do seu
ministério gentílico, só pisou em território judeu após 3 anos de ministério e
lá encontrou Tiago, irmão de Jesus. O relato dos versos 18 e 19 têm Deus como
testemunha. Era importante para Paulo dizer isso porque ele estava sendo um
apóstolo focado e obediente. Na verdade, as igrejas da Judéia não o conheciam
(1.22), mas sabiam da fama daquele homem que solicitou cartas para perseguir a
igreja (At 9.1-2) e consentiu na morte de Estevão (At 8.1).
X. PAULO UMA TESTEMUNHA VIVA DO
PODER DE DEUS
“Ouviam somente dizer: Aquele
que, antes, nos perseguia, agora, prega a fé que, outrora, procurava destruir.
E glorificavam a Deus a meu respeito” (Gl 1.23-24).
Paulo era uma testemunha viva do
poder de Deus. Sua vida pregressa foi transformada pelo poder Daquele que agora
ele apregoava, sendo assim, os gálatas não poderiam duvidar do poder da Palavra
que eles estavam abandonando, porque o próprio apóstolo era um testemunho vivo
desse poder e assim, os que conheceram a sua história “Glorificavam a Deus” a
seu respeito (1.24)
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