Os principais oficiais nas igrejas do Novo Testamento eram chamados bispos, ou anciãos, ou pastores. "Que os apelativos 'bispos', 'presbíteros' ( ou ancião) e 'pastor' designam o mesmo ofício e ordem de pessoas, pode ser visto de Atos 20:28... (cf. 17...) ... Fil. 1:1; 1 Tim. 3:1,8; Tito 1:5,7; 1 Ped. 5:1,2..." (Strong). Para o mesmo efeito são as palavras de muitos outros, incluindo as de Conybeare e Howson e passagens citadas por Giessler (Church History, Vol. 1, pág. 90).
A primeira objeção plausível à identidade de bispos e anciãos foi à avançada por Calvino baseado em 1 Tim. 5:17. Mas em vez de mostrar que os termos designam dos dois ofícios, esta passagem mostra que um ofício envolvia duas espécies de trabalho: ensinar e reger ou superintender. Alguns ocupantes do ofício eram mais felizes em um do que no outro, sendo o ensino considerado como a função mais elevada do ofício. As passagens seguintes mostram que ensinar e superintender pertenciam ao mesmo individuo: Atos 20:28-31; Efe. 4:11; Heb. 13:7; 1 Tim. 3:2.
A pluralidade de anciãos ou bispos nas igrejas do Novo Testamento era incidental e não é cabível em todas as igrejas; a saber, uma pluralidade de anciãos não é essencial à existência de uma igreja nova testamentina. Foram o tamanho e a escassez das igrejas, e as grandes expansões vagas, que deram caso a pluralidade de anciãos (*).
I. QUALIFICAÇÕES DOS BISPOS
Estas qualificações estão dadas em 1 Tim. 3:1-7 e Tito 1:5-9, que são:
1. IRREPREENSIBILIDADE
Por isto não se quer dizer que o bispo deva ser moralmente perfeito. Nenhum homem na carne o é. Quer dizer que ele deve estar acima de séria censura. Este requisito está explicado e amplificado em ambas as passagens supracitadas, como segue:
"Ademais, ele deve ter bom testemunho dos que estão de fora; sob pena de cair em afronta e no laço do diabo" (1 Tim. 3:7).
"Porque o bispo deve ser irrepreensível, como despenseiro de Deus; não soberbo, não fácil de se irar, nem violento, nem briguento; não guloso de torpe ganância." (Tito 1:7).
Se o público não tiver uma elevada consideração pela integridade moral de um homem, ele jamais deverá ser feito bispo.
2. RELAÇÕES CONJUGAIS ADEQUADAS
Marido de uma só esposa. Isto quer dizer, sem duvida, que ele deve ser marido de só uma esposa num tempo. Não deve ter duas esposas vivas. Nem isto requer que um pregador seja casado, ainda que, em muitos casos, é melhor que fosse, nem o priva de casar outra vez se sua esposa morre.
3. VIGILANCIA, SOBRIEDADE E BOA CONDUTA
Estas são dadas juntas em 1 Tim. 3:2. São dadas na Versão Revista como significando que o bispo é para ser temperante, calmo e ordeiro. E esta versão seguinte deixa a referência a vinho. Temperança quer dizer controle próprio em tudo. Envolve abstinência total daquilo que for prejudicial ou mau.
4. HOSPITALIDADE
Hospitalidade refere-se a hospedagem dos visitantes no lar. Nos dias do Novo Testamento a hospitalidade foi "um serviço especialmente necessário... quando o viajante cristão estava exposto a dificuldades peculiares e perigos, um dever, portanto, que era muitas vezes obrigatório" (Harvey, sobre Tito). A hospitalidade talvez não seja tão urgentemente necessária hoje, mas não é nada menos bela e benéfica."
5. APTIDÃO PARA ENSINAR
Isto inclui tanto o amor para ensinar como a habilidade nele. Isto requer conhecimento e a habilidade para comunicá-lo.
6. TRANQUILIDADE
As qualidades que seguem a aptidão para ensinar são dadas na melhor tradução, como segue: "... não ralhador, não briguento senão gentil, não contencioso." O Bispo não é para por natureza ser violento e belicoso, mas um homem de um espírito gentil e perdoador, adverso a altercar e disputar. Vide 2 Tim. 2:24. Todavia ele deve contender pela fé e combater o mal.
7. AUSÊNCIA DE COBIÇA
Não deve o bispo ser amante do dinheiro, porque o amor do dinheiro é a raiz de todas as espécies de mal. Ele não deve botar o dinheiro acima do cumprimento fiel da vontade de Deus.
8. HABILIDADE DISCIPLINAR
O teste é o modo por que ele controla seus próprios filhos. A Escritura diz que se ele não pode controlar, não pode cuidar da igreja de Deus.
9. UMA EXPERIÊNCIA CRISTÃ SASONADA
O bispo não deve ser um noviço, isto é, um há pouco chegado à fé; ele deve possuir um grau considerável de maturidade Cristã.
10. ORTODOXIA NA FÉ
Para as oito qualificações precedentes seguimos a epístola a Timóteo e não procuramos enumerar tudo em ambas as epístolas, admitindo que em Timóteo temos, de um modo geral, tudo que se inclui em Tito. Mas a última estipulação em Tito desejamos observar. Reza ela como segue:
"... apegando-se à palavra fiel que é segundo o ensino, para que ele tanto possa exortar na sã doutrina como convencer aos contradizentes" (Tito 1:9).
Isto quer dizer o bispo é para ser alguém que se agarra à Palavra de Deus a despeito de toda a tentação para deixá-la.
II. OS DEVERES DO BISPO
Os deveres do bispo são como segue:
I. REGER A IGREJA
1Tim. 5:17; Heb. 13:7,17. A regência aqui, contudo, não é autocrática (1 Ped. 5:3) senão só a regra de superintendência e liderança. Em nossa consideração da igreja mostramos que a igreja é uma democracia, recebendo e excluindo membros, manejando os seus próprios negócios. E assinalamos que "anciãos regentes", no sentido moderno, não estão autorizados por 1 Tim. 5:17.
2. ENSINAR
1 Tim. 3:2; 2 Tim. 4:2; Tito 1:9; Heb. 13:7. Este é o trabalho principal do pregador. Nada deverá ser permitido emiscuir-se nisso. Se ele falhar nisso, falhou em tudo. Tudo mais é secundário ante a obra de ensinar.
3. PASTOREAR O REBANHO
Efe. 4:11. Nesta passagem temos o bispo chamado pastor. Quer isto dizer que ele é um pegureiro. É para ele ter o mesmo interesse era o caso com o antigo pastor e suas ovelhas. É para ele alimentá-las, escudá-las contra o perigo, confortá-las na aflição e fortificá-las quando fracas.
4. ADMINISTRAR AS ORDENANÇAS
Parece, ao tratar da natureza do ofício de bispo, considerar como sua função particular a administração das ordenanças. E como antes observamos a respeito do batismo, assim podemos agora dizer tanto do batismo como da Ceia do Senhor: que não temos nenhuma indicação certa que quaisquer senão bispos jamais as administraram.
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