“Por toda parte se ouve que há imoralidade entre vocês, imoralidade que
não ocorre nem entre os pagãos, ao ponto de um de vocês possuir a mulher de seu
pai. E vocês estão orgulhosos! Não deviam, porém, estar cheios de tristeza e
expulsar da comunhão aquele que fez isso? Apesar de eu não estar presente
fisicamente, estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez isso,
como se estivesse presente. Quando vocês estiverem reunidos em nome de nosso
Senhor Jesus, estando eu com vocês em espírito, estando presente também o poder
de nosso Senhor Jesus Cristo, entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo
seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor. O orgulho de vocês
não é bom. Vocês não sabem que um pouco de fermento faz toda a massa ficar
fermentada? Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova e sem
fermento, como realmente são. Pois Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado.
Por isso, celebremos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da
maldade e da perversidade, mas com os pães sem fermento, os pães da sinceridade
e da verdade. Já lhes disse por carta que vocês não devem associar-se com
pessoas imorais. Com isso não me refiro aos imorais deste mundo, nem aos
avarentos, aos ladrões ou aos idólatras. Se assim fosse, vocês precisariam sair
deste mundo. Mas agora estou lhes escrevendo que não devem associar-se com
qualquer que, dizendo-se irmão, seja imoral, avarento, idólatra, caluniador,
alcoólatra ou ladrão. Com tais pessoas vocês nem devem comer. Pois, como
haveria eu de julgar os de fora da igreja? Não devem vocês julgar os que estão
dentro? Deus julgará os de fora. “Expulsem esse perverso do meio de vocês.”
A situação em
Coríntio
A situação em Coríntio é a de um
homem que está tendo relações sexuais com sua mãe ou madrasta. Veja o versículo
1: "Por toda parte se ouve que há imoralidade entre vocês, imoralidade que
não ocorre nem entre os pagãos, ao ponto de um de vocês possuir a mulher de seu
pai." A frase "mulher de seu pai" pode implicar que a mulher não
seja sua mãe biológica. Posso implicar que seu pai é viúvo ou divorciado, e
tenha casado novamente. O pai pode estar vivo. Ou pode estar morto. Paulo não
diz que qualquer destes casos mudaria o pecado do que está acontecendo: o filho
"possui" a mulher de seu pai. E Paulo chama a isto de
"imoralidade" - um tipo de imoralidade que mesmo os pagãos não
Cristãos condenam. A imoralidade não foi a de uma noite seguida por um arrependimento
de coração partido (o que teria resultado em uma resposta muito diferente de
Paulo). O versículo diz, "Alguém POSSUI (não, "possuiu" - um
tempo presente e contínuo) a mulher de seu pai. Não há arrependimento, ou fuga
desta imoralidade. De fato, não somente não há arrependimento; há uma
ostentação descarada. O que o versículo 2 mostra é como a igreja respondeu à
imoralidade na igreja, e como deveria ter respondido. "E vocês estão
orgulhosos! Não deviam, porém, estar cheios de tristeza e expulsar da comunhão
aquele que fez isso?"
Tolerância ao
Pecado é Pecado
Acho que deveria fazer com que
paremos para pensar - até mesmo nos chocar - que o diagnóstico do problema em
Coríntio é exatamente o oposto do diagnóstico em muitas igrejas hoje. Hoje,
quando a disciplina não acontece, o diagnóstico é que, frequentemente, somos
muito humildes para disciplinar uma pessoa: Quem somos nós para acusar alguém?
Quem somos nós para julgar? Quem somos nós para jogar a primeira pedra? E então
uma suposta humildade é usada como base para a tolerância à imoralidade na
igreja.
Por outro lado, hoje, se a igreja
persiste na disciplina, é frequentemente diagnosticada como cheia de orgulho
farisaico. A indignação contra o pecado é frequentemente mostrada como um
pretexto para insegurança e um véu sobre as tentações sexuais dos próprios
Fariseus. Um tipo de atitude "sou mais santo do que vós" é dita como
a base para a indignação e a arrogância dita a base da excomunhão.
Isto pode ser verdade. Mas faz você
parar para pensar, e muito, e examinar seu coração (aconteceu comigo) quando
você lê, no versículo 2, que o diagnóstico de Paulo sobre o problema em
Coríntio era exatamente o oposto? Ali, arrogância era a base da tolerância, e
humildade triste deveria ter sido a base da excomunhão.
Ele disse, "Você ficou
arrogante." As pessoas na igreja estavam realmente ostentando nesta
imoralidade. Como isto pode acontecer? Que tipo de teologia daria margem à
ostentação da imoralidade? Vimos isto nas cartas de Paulo, em outro local. Elas
dizem, "Façamos o mal, para que nos venha o bem" (Rom. 3:8; 6:1).
Então é uma teologia que não entende corretamente o poder da graça, e torna-a
em licenciosidade. É uma teologia que entende mal a liberdade e a usa como
"ocasião à vontade da carne" (Gal. 5:13), e diz (como disseram em
Coríntio) "tudo me é permitido" (1 Cor. 6:12; 10:23). E então eles
estavam ostentando em sua liberdade e na tolerância da graça. O orgulho foi a
base da tolerância pecaminosa, não julgamento farisaico.
A verdadeira
humildade faz o trabalho duro
E humildade, como Paulo a apresentou,
foi a base da excomunhão, não tolerância. "...Não deviam, porém, estar
cheios de tristeza e expulsar da comunhão aquele que fez isso?"
"Abençoados sejam os que lamentam", disse Jesus. Abençoados sejam os
mansos e os de coração partido que conhecem o horror do pecado e suas próprias
vulnerabilidades e falhas e ofensas contra Deus. Estes são os que, diz Paulo,
removerão o impenitente da igreja. Verdadeira contrição e pesar são a base da
excomunhão. A verdadeira contrição bíblica não diz, "Eu nunca poderia
julgar um irmão desta forma". A verdadeira contrição bíblica acredita nos
versículos 9-13 e submete-se à autoridade do apóstolo:
“Já lhes disse por carta que vocês não devem associar-se com pessoas
imorais. Com isso não me refiro aos imorais deste mundo, nem aos avarentos, aos
ladrões ou aos idólatras. Se assim fosse, vocês precisariam sair deste mundo. Mas
agora estou lhes escrevendo que não devem associar-se com qualquer que,
dizendo-se irmão, seja imoral, avarento, idólatra, caluniador, alcoólatra ou
ladrão. Com tais pessoas vocês nem devem comer. Pois, como haveria eu de julgar
os de fora da igreja? Você não julga aqueles que estão dentro da igreja? Deus
julgará os de fora. Expulsem esse perverso do meio de vocês.”
A contrição bíblica submete-se ao
processo doloroso, arriscado, demorado, frequentemente opressivo, da disciplina
da igreja. Ela diz, "Vou retirar o cisco de meu olho para que possa ver
claramente, e possa fazer qualquer cirurgia nos olhos que a Bíblia me diga para
fazer". Ela diz, "Vou olhar para mim mesmo para que também não seja
tentado, ao procurar seguir os conselhos de Deus na exclusão de outra pessoa,
na esperança da reconciliação". A humildade não diz a Deus como conceder
sua graça. Ela escuta e tenta obedecer com medo e trêmula.
Livrar-se do fermento velho
Veja o versículo 6: "O orgulho de vocês (aqui está o orgulho) não é
bom". Por que não? Primeiro, porque está enraizado na ignorância. O
versículo continua: "Vocês não sabem (aqui está a ignorância) que um pouco
de fermento faz toda a massa ficar fermentada?" Em outras palavras,
"Em seu suposto conhecimento da graça e liberdade, vocês estão destruindo
a igreja". Eles nunca teriam sonhado que, ao ostentar na graça e
liberdade, eles estavam corrompendo e destruindo a igreja, de dentro para fora.
Então, Paulo diz no versículo 7, "Livrem-se do fermento velho, para
que sejam massa nova e sem fermento, como realmente são. Pois Cristo, nosso
Cordeiro pascal, foi sacrificado". Por uma semana, após o sacrifício do
Cordeiro pascal, a casa deveria estar livre de todo o fermento. Paulo toma isto
como a figura do pecado na igreja. Cristo é agora nosso Cordeiro pascal. E
nossa celebração pascal não dura somente uma semana, mas uma vida inteira. O
fermento do pecado deve ser removido permanentemente. Nunca faremos as pazes
com o pecado novamente. Lutamos contra ele, nós o confessamos, fugimos dele e
nunca ostentamos em sua presença.
Mas o orgulho em Coríntio disse, "Cristo foi sacrificado por nossos
pecados, então podemos fazer o mal para que nos venha o bem". Mas Paulo
disse, "Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado, portanto livrem-se
do fermento velho."
Eles pensaram que poderiam tê-lo como aquele que perdoa e rejeitá-lo
como aquele que purifica.
Para isto, Paulo dá uma resposta clara no versículo 7: Não. Mas
"livrem-se do fermento velho, para que sejam" o que vocês realmente
são em Cristo -massa nova e sem fermento. Por que se você não agir como você é,
então você não é. A prova de seu perdão é sua paixão por pureza. O que devem
então fazer? E o que devemos fazer?
Deus pode usar
Satanás para santificar
Paulo diz, nos versículos 2, 7 e 13,
que o homem que é culpado desta imoralidade impenitente deve ser removido da
igreja: "Expulsem esse perverso do meio de vocês." (v.13) Mas ele dá
a resposta mais completamente nos versículos 3-5: "Apesar de eu não estar
presente fisicamente, estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez
isso, como se estivesse presente." Em outras palavras, Paulo não pode
estar lá em pessoa, mas diz que ele exercerá a influência que puder à distância
(talvez em oração) para garantir que a disciplina será efetiva.
Ele continua no versículo 4:
"Quando vocês estiverem reunidos em nome de nosso Senhor Jesus [e é por
isto que não estamos fazendo isto privadamente, mas reunidos na igreja],
estando eu com vocês em espírito [em outras palavras, vocês podem contar com a
aprovação de Paulo e a presença de sua influência através da oração], estando
presente também o poder de nosso Senhor Jesus Cristo, 5 eu decidi [que vocês
devem] entregar esse homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu
espírito seja salvo no dia do Senhor." Pode ser que, simplesmente
expulsando uma pessoa da comunidade, seja o mesmo que entregá-la a Satanás, mas
acho que não. Quando Paulo diz, no final do versículo 4, "com o poder do
Senhor Jesus", acho que ele nos mostra que algo mais está acontecendo -
algo que precisa do poder de Jesus para ser realizado. Paulo fez isto pelo
menos uma outra vez, que sabemos (1 Tim. 1:20): "Entre eles estão Himeneu
e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não
blasfemar."
O que parece estar à vista é algo
como o que aconteceu no livro de Jó. O único outro lugar na Bíblia, fora das
cartas de Paulo, onde "entregar alguém a Satanás", com estas mesmas
palavras, ocorre é em Jó 2:6, que diz, literalmente, "E o Senhor disse a
Satanás, 'Pois bem, ele [Jó] está em suas mãos; apenas poupe a vida dele."
O próximo versículo diz, "Saiu, pois, Satanás da presença do Senhor e
afligiu Jó com feridas terríveis, da sola dos pés ao alto da cabeça." E o
resultado da finalidade da graça de Deus? Jó 42:6-7: "Por isso menosprezo
a mim mesmo e me arrependo no pó e na cinza".
Então Satanás tornou-se o meio, sob o
controle soberano de Deus, para purificar o coração de Jó e trazê-lo para o
mais perto de Deus que jamais esteve. Este não é o único local onde Deus usa
Satanás para isto. Em 2 Coríntio 12, Paulo descreve seu espinho na carne como
um mensageiro de Satanás, que Deus submete para a humildade de Paulo e a glória
de Cristo. Versículo 7: "Para impedir que eu me exaltasse por causa da
grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de
Satanás, para me atormentar - para impedir que eu me exaltasse!"
Quando Paulo rezou para que Jesus o
retirasse, a resposta que teve foi, "Minha graça é suficiente para você,
pois o poder é perfeito na fraqueza." Note que aquele que controla se o
"mensageiro de Satanás" fica ou vai é Cristo. É por isto que é tão
significativo em nosso texto (v. 4) quando Paulo diz que entregar alguém a
Satanás é "com o poder do Senhor Jesus". Não temos o poder ou a
autoridade, em nós mesmos, para fazer isto.
Termino com o que espero contenha
tanta esperança para vocês como contém para mim. Jesus é o soberano de Satanás.
E ele usa Satanás, nosso arqui-inimigo, para salvar e santificar seu povo. Ele
trouxe Jó à penitência e à prosperidade. Ele trouxe Paulo ao ponto onde ele
poderia exultar na tribulação e tornar manifesto o poder de Cristo.
E Paulo espera que o resultado da
entrega deste homem a Satanás será a salvação de seu espírito no dia de Cristo.
Em outras palavras, o objetivo de Paulo - nosso objetivo - em entregar alguém
para Satanás é que a miséria virá de tal forma que a pessoa dirá com Jó,
"Meus olhos viram o Senhor, por isso menosprezo a mim mesmo e me arrependo
no pó e na cinza".
Ainda falaremos mais sobre este assunto...
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