Texto Básico: Efésios 4.4-6
“Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos”. Efésios 4.4-6
O Apóstolo Paulo faz um apelo à unidade, ele mostra a unidade divina e a unidade cristã. Mas a unidade cristã não implica necessariamente em uniformidade, ação que só tem uma forma, falta de variedade. O ensino das Escrituras é que vivenciemos a unidade na diversidade e na pluralidade de dons e chamados. Reconhecer a importância da diversidade, nos leva a uma obra mais excelente. As nossas diferentes habilidades e capacidades cooperam para um melhor serviço. Elas somam e não dividem quando há unidade espiritual.
“São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Tem todos o dom de realizar milagres? Tem todos dons de curar? Falam todos em línguas? Todos interpretam?” (1 Co 12.29-30)
A unidade é do Espírito, mas também, é algo que não se realiza sem a nossa cooperação. Ao ensinar sobre o tema da unidade, o apóstolo Paulo, em Efésios 4.4-6 expôs o que é unidade, ao descrever sete aspectos dela:
I. Unidade do corpo: “…um só corpo…”
A figura do corpo aqui se refere à Igreja e explica que ela é um organismo vivo e indivisível. É a figura que melhor expressa como devem ser nossos relacionamentos no contexto da igreja local. Todos os salvos formam “um corpo”, o corpo místico de Cristo. Somos “um só corpo” independente das diferentes denominações evangélicas, com exceção das pseudas igrejas, pois temos uma só cabeça espiritual – Cristo.
A Igreja como Corpo é uma unidade espiritual – onde todos os nascidos de novo estão unidos em Cristo. Mas esta unidade tem que se manifestar na horizontal, numa união onde judeus e gentios, homens e mulheres, escravos e livres, são um “em Cristo”.
Nossa posição “em Cristo” presente nos escritos Paulinos indica nossa união espiritual com Jesus, nos dá poder para ser mais “santos” e “fiéis” a Ele neste mundo. É por esta razão que uma das armas principais de Satanás – e das mais utilizadas contra a Igreja é a divisão e a desunião entre os cristãos. Mas se somos “santos” e “fiéis” a Cristo, podemos superar as sutilezas do tentador.
Comumente gostamos muito de estar com aqueles que gostam das mesmas coisas que nós, mas nos afastamos daqueles que são contrários aos nossos gostos. Supervalorizamos nossas habilidades e desvalorizamos as dos outros. Quando não há entendimento de que somos um corpo, a diversidade gerará divisão e não cooperação mútua. Um corpo saudável é constituído por vários membros e órgãos que trabalham em harmonia. Cada membro desempenhando sua função com excelência, coopera para o crescimento do corpo. Se algo não está bem em algum órgão, isto provocará uma má disposição em todo o organismo. As minhas atitudes e desempenhos individuais refletirão no coletivo. O meu relacionamento com os demais membros do corpo definirá a saúde dele.
Conta-se uma história de uma reunião que houve entre as ferramentas de uma marcenaria: a lixa solicitou a exclusão do martelo, pois o mesmo ficava batendo em tudo e fazia muito barulho. O martelo concordou, mas disse que a lixa era muito áspera e grossa. O parafuso foi acusado de ficar dando muitas volta para chegar ao seu propósito. Logo então falaram da régua que se achava certinha e se julgava no direito de medir tudo. No meio desta discussão apareceu o Senhor Marceneiro que reuniu todas as ferramentas e com habilidade utilizou cada uma e fez um móvel maravilhoso e perfeito.
II. Unidade de Espírito: “…um só espírito…”
O Espírito Santo é a terceira Pessoa da trindade divina. A “unidade do Espírito” é afirmada na unidade da trindade. A trindade é o melhor exemplo de unidade. “O termo em si é uma combinação do prefixo ‘tri’ com a palavra ‘unidade’, e se refere ao fato de que Deus é tanto três quanto um: na unidade dessa Divindade há três Pessoas, uma só em substância, poder e eternidade, o Pai, o Filho e o Espírito”.
Ricardo Barbosa diz que “para melhor entendermos o mistério da Trindade e sua relação com a vida, a fé, a espiritualidade e a unidade da igreja, precisamos refletir mais sobre a natureza do Deus bíblico e as implicações desta revelação sobre a nossa prática espiritual. É preciso cristianizar nossa compreensão de Deus. Deus é sempre a comunhão das três divinas pessoas. Deus-Pai nunca está sem Deus-Filho e o Deus-Espírito Santo. Não é suficiente confessar que Jesus é Deus. Importa dizer que Ele é o Deus-Filho do Pai junto com o Espírito Santo. Não podemos falar de uma Pessoa sem falar também das outras duas”.
A igreja é composta por pessoas, mas a sua dinâmica é espiritual. O Espírito Santo opera, dinamizando a Igreja para cumprir sua missão na terra. Portanto, para experimentar e expressar a unidade do Espírito é necessário estar sintonizado com o Espírito Santo, pois Ele é quem produz a unidade na Igreja.
Não é difícil perceber quando a obra é do Espírito ou da carne. Os resultados falam por si. Não há como dissimular: é a obra do Espírito que garante a unidade; são as obras da carne que geram divisão e partidarismo na igreja.
O Espírito Santo é o unificador. Ele nos liga a todos e nos faz ser um. Logo, onde o Espírito opera não há espaço para sentimentos de dissensões e divisões.
III. Unidade de Propósito: “…uma só esperança…”
A esperança nasce da vocação de Deus para nós. A nossa fé baseia-se na esperança. Quando Deus nos chamou para a salvação tornou possível nosso futuro em Cristo. A obra redentora de Cristo proporcionou a esperança da glória. Em relação ao presente, indica que aceitamos a obra de Cristo em nossos corações, cancelando os nossos pecados. Em relação ao futuro, esta esperança aponta para a volta de Cristo, a redenção plena da Igreja.
“Peço a Deus que abra a mente de vocês para que vejam a luz dEle e conheçam a esperança para a qual Ele os chamou. E também para que saibam como são maravilhosas as bênçãos que Ele prometeu ao Seu povo” (Efésios 1.18).
A nossa bendita esperança é a volta de Jesus Cristo, este é o nosso objetivo final, mas a nossa caminhada e o nosso trabalho aqui na terra precisam ser relevantes. Precisamos crescer, frutificar, brilhar e ser instrumentos para que reflitam a glória de Deus a este mundo.
Conhecer os propósitos de Deus para a nossa vida é fundamental! Por isso, precisamos, antes de tudo, conhecer o Criador e sua natureza. Deus não faz nada sem propósitos, tudo quanto Ele fez foi com propósito. Que Deus abra a nossa mente para descobrirmos a vocação de nosso chamado, afim de vivermos para o propósito de nossa criação.
Deus nos criou para sermos o Louvor de Sua Glória e nos deu habilidades para isso. Assim como, quando concluía cada obra de Sua criação e via que “era bom”, Deus possa olhar para nós e para cada realização nossa e dizer: “É muito bom”!
A Bíblia ensina que não é relevante ser judeu ou gentio, homem ou mulher, escravo ou livre. Não importa nossa posição social, as riquezas e habilidades, pois estas distinções, revelam nosso velho homem. Agora, como povo de Deus, temos que olhar para frente, para a “esperança da nossa vocação”.
A igreja fica dividida em função dos nossos títulos e posições, que são coisas periféricas. O caminho para conservar a unidade do Espírito na Igreja é olhar para as coisas que são de cima, não para as coisas que são da terra.
IV. Unidade de Autoridade: “…um só Senhor…”
Quem é o Senhor da Igreja? Jesus Cristo é o Senhor da Igreja! (Ef 1.22-23). O senhorio de Cristo não é um princípio, e sim a base dos princípios do Reino de Deus. Jesus é o Senhor absoluto de todas as coisas, inclusive das nossas vidas. Toda autoridade da Igreja está na Pessoa de Jesus Cristo. O senhorio de Cristo é sobre todos, sem exceção. Quando nos desvinculamos ou saímos da subordinação do senhorio de Cristo e colocamos um outro senhor qualquer que seja no altar da nossa existência, cometemos “adultério espiritual” e morremos. Não há como recebermos a Jesus, trocarmos de reino, entrarmos em um novo reino, reino da luz, e vivermos em constante rebelião aos princípios deste novo reino e, ainda, querermos os benefícios deste reino sem nos sujeitar ao senhorio deste novo reino. O plano de Deus é fazer tudo convergir ao Senhorio de Jesus.
Agora, não podemos dominar sobre ninguém e ninguém deve dominar sobre nós. Pois há “um só Senhor!” Nesta perspectiva, todos os cristãos estão num só nível diante de um único Senhor. Somente Ele tem posse e autoridade sobre nós. Estamos todos entrelaçados nEle e Ele entrelaçado em nós.
Quando nós entendermos o verdadeiro significado da expressão “um só Senhor” nosso conceito de liderança terá uma profunda reviravolta. Nossas brigas por posição deixarão de existir e nosso sentimento de “posse” será extinto. Quando esse dia chegar, nada mais importará, exceto o viver para a glória de Jesus!
Só, então, poderemos experimentar e expressar o verdadeiro significado da unidade espiritual!
V. Unidade de Fé: “…uma só fé…”
Esta fé é o mesmo que crença, ou sistema de doutrina: conjunto de princípios absolutos que une todos os cristãos e que consiste na essência do Evangelho. É isto que significa dizer que a igreja segue e vive a mesma fé. Existe fé para a salvação; fé como fruto do Espírito Santo; fé como dom sobrenatural e fé como esta que diz respeito ao que cremos.
A Igreja de Cristo segue e obedece a uma só fé, ou seja, o conjunto de princípios divinos.
Esta fé está fundamentada em Cristo e em sua palavra. Nossas opiniões pessoais ou sentimentos, que podem nos dividir, convergem em Deus e Sua palavra.
A fé não é um fim em si mesma e sim um meio para nos levar a alcançarmos um objetivo.
“Até que cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”. (Ef 4:13).
Estamos vendo tantos sendo motivados a fazer uso da fé, só para receber bênçãos, e não para crescer em Deus. Tendo um comportamento de meninos, pois envolvem em competições para realizações miraculosas e disputas que resultam em decepções e traumas. Vemos de um lado perdedores e de outro ganhadores – frustrados e orgulhosos, numa busca incansável de “ter”, esquecem- se de buscar o “ser”. Que a igreja esteja unida na mesma fé e busque maturidade. Ou seja: ser igual a Cristo em sua mais perfeita e completa forma.
VI. Unidade no Batismo: “…um só batismo…”
Batismo significa: imergir, mergulhar, refere-se ao ato de imergir algo em alguma coisa, ser colocado ou colocar-se dentro de…
Fomos imersos, colocados, mergulhados, no mesmo corpo. Este batismo é o sinal físico e simbólico da nossa entrada no Corpo de Cristo, a Igreja. É o símbolo da regeneração operada pelo Espírito Santo em nossas vidas. É a prova do arrependimento, que consiste num ato exterior da nossa fé no Senhor Jesus.
O que significa, na prática, a expressão “um só batismo”? Quando alguém recebe Jesus como Salvador, o próximo passo é confessar publicamente sua fé através do batismo, como um ato de entrada à vida da Igreja como Corpo de Cristo.
Morremos para nós e passamos a viver para Deus. Não é mais a minha vontade, ou, a vontade de outro que prevalece, mas sim, a vontade de Deus. Estamos inseridos neste Corpo que é indivisível e passamos a fazer parte de sua natureza.
VII. Unidade Familiar: “…um só Deus e Pai de todos…”
Deus é soberano! Deus é a fonte fundamental da unidade espiritual. O texto acima nos revela que:
– Deus está acima de tudo e de todos; “Pois todas as coisas foram criadas por Ele, e tudo existe por meio Dele e para Ele…” (Rm 11:36).
– Deus age por meio de todos, protegendo e provendo nossas necessidades; é o pai que sabe dar boas dádivas aos seus filhos; é a autoridade de onde flui tudo o que necessitamos.
– Deus habita em nós, dinamizando-nos com Sua presença contínua. Jesus é o Emanuel, que escolheu habitar no meio do Seu povo. Este Deus e Pai quer ter comunhão com Seus filhos; quer nos envolver com Seu amor.
Adão convivia naturalmente com Deus e todos os Seus atributos. Bem como Sua a Santidade e sem medo.
Deus o pai, era um com o homem e a mulher, havia um relacionamento transparente e feliz, não tinham falta de nada, até que o pecado quebrou esta unidade. Adão lança a culpa sobre sua companheira e estes se escondem de Deus. O homem agora tem vergonha de sua nudez e medo de Deus.
Deus permite Seu próprio filho ser exposto à vergonha, humilhação e morte, e morte de cruz, para nos resgatar e restaurar a comunhão conosco.
Este Deus único quer relacionar-se conosco como um pai. Somos filhos do mesmo pai, somos todos irmãos, somos membros da mesma família e nesta família todos são iguais e tem os mesmos direitos e deveres. O diabo quer destruir esta família, promovendo disputas e partidarismo. Por isto, temos a responsabilidade de lutar pela preservação e unidade desta família.
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