20/09/2013

MINISTÉRIO PASTORAL FEMININO

pastorasJá tem algum tempo que tenho  pensado em escrever a cerca do ministério feminino, que muito tem crescido ultimamente, e tem dividido a opinião do povo, principalmente dos líderes...

Devo confessar que eu mesmo já fui severamente contra mulheres exercerem ministérios nas igrejas, principalmente o ministério pastoral.

Contudo, tive a oportunidade de conhecer e conviver ministerialmente falando com mulheres que se transformaram líderes de igrejas, e mediante o resultado impressionante que vi, comecei a questionar se eu estava correto em me posicionar contrário a ordenação de mulheres.

Mas como procuro ser uma pessoa baseado em lógicas, e dentro de assuntos ministeriais, procuro ser uma pessoa baseado em doutrinas bíblicas, comecei a avaliar e estudar sobre o assunto, e a observar os fatos, tanto por dentro deste universo, quanto por fora, na plateia.

A pergunta “Deus concorda com ministério feminino?” não quer se calar... mas para responde-la, eu preciso considerar outra pergunta: “por que Deus não concordaria?

Eu  relacionei alguns pontos a serem considerados:

1-      Deus é espirito e requer que seus adoradores o adorem em espirito e em verdade. João4:24;

Deus está buscando adoradores que o adorem em espírito e em verdade, ou seja, pessoas espirituais.E quando pessoas estão em âmbito de adoração, Ele vê homens e mulheres por um ângulo igual: seres espirituais. Acaso a adoração do homem é mais preferida que adoração de uma mulher?

Aos olhos de Deus existe igualdade na adoração, e não diferença; precisamos interpretar as Escrituras com visão espiritual, e não, visão machista ou cultural, pois as Escrituras são verdades espirituais.

2-      Hierarquia doméstica não pode ser usada para estabelecer regras no mundo espiritual.

A palavra de Deus afirma que o “marido”, ou seja, o homem, é o cabeça (líder) do lar... Mas na igreja, o cabeça é o próprio Cristo, que pode decidir quem ministra ou não ministra na igreja. E ao que me lembro, em várias passagens do Evangelho, as mulheres estavam mais próximas de Cristo o servindo. Por que Cristo não reprovou os serviços destas mulheres? Porque Ele se agradara destas servas que estavam ali para servir.

Aplicar na igreja esta lei que é para o lar é querer transformar a igreja em casa de família.E isto não é certo. Igreja é Igreja, casa é casa.

3-      Em Cristo acabam as distinções étnicas, sociais e sexistas.

“Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” Gálatas 3:28. Se Deus pode incluir judeus e gentios no ministério, por que não incluiria tanto homens quanto mulheres? Sevamos manter a distinção entre sexos, deveríamos também manter a distinção entre dias, meses, anos, entre judeus e gentios, entre animais limpos e impuros, etc.

4-      –A atividade pastoral é, antes de tudo, um dom .

O argumento usado por Pedro para justificar a inclusão dos gentios na igreja foi o dom do Espírito que lhes fora concedido da mesma maneira como aos judeus. Como os apóstolos poderiam impedir a sua inclusão? Semelhantemente, a igreja deve reconhecer o dom pastoral que tem sido concedido a indivíduos do sexo feminino. Ordenar nada mais é do que reconhecer o dom. Negar-se a reconhecer o dom conferido por Deus é o mesmo que resistir a Deus. Confira:

“Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus? E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida.” Atos 11:17-18

Se os líderes atuais reconhecessem o dom pastoral que Deus tem concedido à mulheres, toda discussão cessaria. Alguns, mesmo reconhecendo do dom, negam o título. Algumas denominações preferem chamá-las de ‘missionárias’, ‘doutoras’, ‘profetas’, ‘cooperadoras’ mas jamais ‘pastoras’. Chega a ser ridículo. Em contra partida, encontramos muitos homens que ostentam o título sem jamais terem sido vocacionados para o desempenho do pastorado. Homens que nem para porteiros de igreja servem, e no entanto, estão lá, empossados como pastores.

Acaso seria o dom exclusivo para homens? Seria correto acreditar que existem dons para homens e dons para mulheres? O dom ministerial de pastor é só para homens? Onde está aprova doutrinária bíblica neotestamentária que comprova que somente homens podem ser PASTORES?

Este machismo que rege a mente destes homens carnais é patético e lamentável.

5-      O Dom de Profecia é dado tanto a homens quanto a mulheres

“E há de ser que,depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.” Joel 2:28-29

De acordo com o discurso de Pedro no dia de Pentecostes, tal profecia cumpriu-se cabalmente quando o Espírito foi profusamente derramado sobre os 120 discípulos reunidos no cenáculo. Ora, se as mulheres devem manter-se caladas na igreja, conforme interpretam alguns a instrução paulina, logo, como elas poderiam profetizar?Por linguagem de sinais? Lemos em Atos 21:8-9 que Filipe, um dos sete diáconos originais, também reconhecido como evangelista, tinha quatro filhas que profetizavam. E o que seria “profetizar” dentro do contexto neotestamentário?Paulo responde: “o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação” (1 Coríntios 14:3). Os mesmos que se manifestam contrários à ordenação feminina dizem que o exercício do dom de profecia está ligado à atividade pastoral. O pastor é o profeta da igreja. Através da pregação, ele edifica, exorta e consola. Ora, ora… Seguindo a mesma linha de raciocínio, uma mulher que tenha recebido de Deus tal dom, estaria habilitada pelo Espírito a exercer o ministério pastoral.

6-      Avocação ministerial é para todos os sacerdotes santos.

O sacerdócio é para todos os santos. Todos, homens e mulheres, foram chamados para servir a Deus e a Sua obra. Em Cristo não distinção entre clero e laicato, homens e mulheres. Neste sentido a mulher pode exercer o sacerdócio pastoral.

7-      O sacerdócio universal dos crentes

Alguém poderá argumentar que embora encontremos profetizas nas Escrituras, jamais encontramos sacerdotisas. Mas peraí… Cristo não substitui o sacerdócio levítico por um eterno, onde todos somos igualmente sacerdotes?

“Vós também,como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo (…) Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” 1 Pedro 2:5,9

Eis um dos pilares da reforma protestante. Todos os crentes são sacerdotes, sem importar seu gênero. Manter a distinção entre clero e leigos é um ranço indesejável que herdamos do romanismo. E como sacerdotes, temos duas atribuições: a) oferecer sacrifícios espirituais a Deus b) anunciar as virtudes d’Aquele que nos chamou das trevas para a luz. Homens e mulheres estão igualmente incumbidos disso. Ora, por que razão deveríamos privar mulheres de celebrar os sacramentos/ordenanças (Leia-se Ceia e Batismo)? Conheço denominações em que as mulheres podem ensinar, pregar, trabalhar na secretaria, evangelizar, mas não podem celebrar a ceia ou o batismo. Isso não faz o menor sentido. Quem está habilitado a anunciar as virtudes do Deus vivo e a oferecer sacrifícios espirituais também está habilitado a partir o pão e batizar. Questão de coerência. O problema é que os homens não querem abrir mão da proeminência. Durante a celebração da primeira eucaristia, Jesus despiu-Se diante dos discípulos, cingiu-se de uma toalha e lavou-lhes os pés. Alguns entendem que o lava-pés seria uma cerimônia complementar da Ceia do Senhor. Mesmo que não encaremos como uma ordenança, não podemos fazer vista grossa ao fato de que foi durante a Ceia que Ele nos deu tal exemplo. Escrevendo a Timóteo, Paulo diz que antes de inscrever uma viúva para ser socorrida pela igreja, dever-se-ia verificar se a mesma praticou toda a boa obra, inclusive lavar os pés aos santos (1 Tm.5:10). À esta altura, o lavar os pés dos irmãos havia se tornado numa prática constante na igreja. Jesus deixara o exemplo aos Seus discípulos homens, porém, mesmo as mulheres a observavam. Isso fazia parte da diaconia,exercida tanto por homens quanto por mulheres.

8-      Foia uma mulher que Jesus confiou o primeiro “ide” após Sua ressurreição

Jesus poderia ter aparecido primeiramente aos Seus discípulos homens, mas preferiu aparecer primeiro a uma mulher, a quem confiou Seu primeiro “ide” (Jo.20:17). É possível que os discípulos tenham se sentido desprestigiados por isso. - Por que a uma mulher, e não diretamente a nós? Talvez isso indicasse a importância que Jesus atribuía ao gênero feminino na difusão do Evangelho.

9-      Os dons espirituais são concedidos pelo Espírito Santo a toda carne.

Os dons que são necessários para o ministério pastoral são concedidos a todos, sem discriminação. Homens e mulheres possuem dons espirituais. É interessante quena Igreja as mulheres exercem com os seus dons todo tipo de liderança e, por quenão, exercer, também a liderança pastoral.

10-   Há evidências de que havia liderança feminina na igreja primitiva

“Recomendo-lhes nossa irmã Febe, serva da igreja em Cencréia. Peço que a recebam no Senhor, de maneira digna dos santos, e lhe prestem a ajuda de que venha a necessitar; pois tem sido de grande auxílio para muita gente, inclusive para mim. Saúdem Priscila e Áqüila, meus colaboradores em Cristo Jesus. Arriscaram a vida por mim. Sou grato a eles; não apenas eu, mas todas as igrejas dos gentios. Saúdem também a igreja que se reúne na casa deles. Saúdem meu amado irmão Epêneto, que foi o primeiro convertido a Cristo na província da Ásia. Saúdem Maria, que trabalhou arduamente por vocês. Saúdem Andrônico e Júnias, meus parentes que estiveram na prisão comigo. São notáveis entre os apóstolos, e estavam em Cristo antes de mim.” Romanos 16:1-7

Quanta informação valiosa numa simples saudação! No texto original, Febe é chamada“diaconisa na igreja em Cencréia”. De acordo com o testemunho do autor patrístico Teodoreto de Ciro (393 – 466 d.C.), Febe era uma pregadora itinerante cuja fama correu o mundo todo. “Ela era conhecida não apenas entre os Gregos e Romanos, mas entre os bárbaros também”. E Febe não foi a única. Uma pedra tumular foi achada em 1903 no Monte de Oliveiras com esta inscrição:"Aqui jaz a serva e virgem noiva de Cristo, Sofia, a diaconisa, a segunda Febe". Isso demonstra que Febe tornou-se numa espécie de referência de liderança feminina na igreja primitiva.

Em sua recomendação, Paulo dá testemunho de que Febe teria sido de grande auxílio para muita gente, inclusive para ele mesmo. O texto original nos fornece uma compreensão um pouco mais acurada: "Porque ela tem sido indicada,realmente por minha própria ação, uma oficial presidindo sobre muitos."

O termo traduzido como “auxílio” é prostatis (Rom. 16:2). Esta palavra não é traduzida dessa maneira em nenhum outro lugar nas Escrituras gregas. Foi uma palavra comum e clássica que significava "padroeira ou protetora, uma mulher colocada por cima dos outros". É a forma feminina do substantivo masculino prostates, que significa "defensor" ou "guardião" quando se refere aos homens. Em 1 Timóteo 3:4-5,12 e 5:17, o verbo proistemi é usado a respeito das qualificações dos bispos e diáconos quando Paulo ordenou aos homens a "governarem" bem as suas casas, que incluiu cuidar das suas necessidades. O que foi que significou para homens, deve significar o mesmo para as mulheres. O que foi que estes bispos e diáconos fizeram para as suas casas,Febe fez para a igreja e Paulo. As posições foram idênticas.

Se nós recusarmos a admitir que Febe "governou", ou "liderou", ou foi uma "defensora", ou "guardiã", então nós precisamos rebaixar os diáconos para qualquer nível em que Febe estava ministrando. Se Febe só"auxiliou”, então é só isso que os diáconos fizeram. Seria muito inconsistente traduzir a palavra como "governador" quando se refere aos homens e "auxílio" quando se refere as mulheres.

Entre os que recebem a saudação paulina, destacam-se Priscila e Áquila, responsáveis por ensinar o Evangelho com mais precisão a Apolo, um dos mais eloquentes pregadores da época. Propositadamente, Paulo menciona Priscila antes de Áquila,o que poderia soar indelicado, para indicar sua importância ministerial. Um pouco mais adiante, Paulo nos revela dois personagens curiosos, a saber,Andrônico e Júnias, “notáveis entre os apóstolos”. Se, de fato, ambos, marido e mulher, eram considerados “apóstolos”, não sobre margem pra discutir sobre a legitimidade da liderança feminina na igreja primitiva.

11-   Porque está comprovada a capacidade feminina em exercer qualquer papel antes atribuído somente aos homens

Tenho sido testemunha do flagrante sucesso obtido por mulheres no exercício do ministério pastoral. Algumas obtiveram êxito onde homens falharam. Eu poderia citar vários casos do meu conhecimento. Depois de todas as conquistas da mulheres na segunda metade do século XX pra cá, seria, no mínimo, anacrônico acreditar em sua incompetência para a liderança eclesiástica. Muito antes da revolução cultural,em tempos bíblicos elas já demonstravam suas habilidades como rainhas, juízas,profetizas, e, diga-se de passagem, até pastoras. Vide Ester, Débora, Ana e Raquel. Por que razão Deus as privaria do privilégio de serem instrumentos do Seu amor para cuidar do Seu rebanho particular?

12-   As mulheres têm demonstrado capacidade para exercer o ministério pastoral.

A capacidade que as mulheres têm demonstrado para exercer o ministério pastoral é evidente. São muitas mulheres que, com amor e dedicação, cuidam do rebanho a elas confiado.Pregam com lucidez, visitam com amor, aconselham com sabedoria, lideram reuniões do conselho com maestria e em tudo são exemplos para o seu rebanho. Muitas mulheres sacrificaram a vida pela missão, evangelizaram, pregaram, fizeram discípulos, mas na hora de ministrar os sacramentos, batismo e ceia, ficavam à parte, para que um pastor realizasse esse trabalho. Na hora de “arrancar os tocos” na obra de evangelização as mulheres eram indispensáveis, no momento em que a igreja era formada, um pastor teria que ser chamado para pastorear a igreja, e a “missionária” tinha que sair para abrir novos caminhos para a propagação do Evangelho. Isto não é justo, e Deus trabalha na justiça.

Como todo bom fariseu, eles usam  várias passagens bíblicas como objeção à ordenação feminina. Examinemos duas delas:

1 – Paulo dá instrução apenas a bispos e diáconos homens

A passagem mais usada para esta objeção é a de 1 Timóteo 3:1-13.  Paulo diz que quem quer que aspire ao episcopado “excelente obra deseja.” Em seguida,ele apresenta alguns requisitos básicos para quem pretenda exercer tal ministério. Entre eles, o bispo deveria ser “irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, mas moderado, inimigo de contendas, não ganancioso;que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito {pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?}; não neófito, para que não se ensoberbeça e venha a cair na condenação do Diabo. Também é necessário que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do Diabo.” Critérios semelhantes são adotados na escolha dos diáconos, que deveriam ser “sérios, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância,guardando o mistério da fé numa consciência pura. E também estes sejam primeiro provados, depois exercitem o diaconato, se forem irrepreensíveis.” Se a recomendação paulina terminasse aqui, poderíamos supor que tais ofícios só poderiam ser exercidos por homens. Entretanto, Paulo prossegue: “Da mesma sorte as mulheres sejam sérias, não maldizentes, temperantes, e fiéis em tudo.” Preste atenção nisso:Paulo não mudou o foco. O assunto continua sendo o exercício do ministério,seja como bispo (ou pastor, se preferir), ou como diácono. A expressão “da mesma sorte” indica continuidade de raciocínio. Após este verso, Paulo prossegue falando do ofício diaconal, e termina seu raciocínio afirmando que seu objetivo era que Timóteo soubesse como proceder na Casa de Deus.

Todos sabemos que Paulo jamais trabalhou sozinho. Ele sempre reconheceu a ajuda recebida de seus “cooperadores no Evangelho”. Homens do quilate de Tito e Timóteo, ambos pastores, receberam esta alcunha. Repare nas passagens abaixo:

“E enviamos Timóteo, nosso irmão,e ministro de Deus, e nosso cooperador no evangelho de Cristo, para vos confortar e vos exortar acerca da vossa fé”. 1 Tessalonicenses 3:2

“Quanto a Tito, é meu companheiro, e cooperador para convosco; quanto a nossos irmãos, são embaixadores das igrejas e glória de Cristo.” 2 Coríntios 8:23

O mesmo adjetivo usado para esses dois pastores, fora usado também para designar mulheres que cooperavam com Paulona propagação do Evangelho:

“E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida.” Filipenses 4:3

Que tipo de cooperação essas mulheres davam? Apenas recursos materiais? Assistência aos cultos? Distribuição de folhetos? Regência de corais? Secretaria? Creio que não. No dizer do apóstolo, elas trabalhavam com ele no evangelho.

2 – A ordem bíblica é que as mulheres se mantenham caladas na igreja

"Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras. A mulher aprenda em silêncio,com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se  permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação.” 1 Timóteo 2:9-15

O verbo “hesuchazo”, traduzido aqui como “estar em silêncio” (também traduzido como ‘descansar’) é usado cinco vezes no Novo Testamento, e expressa três ideias básicas: a primeira é guardar silêncio para evitar uma confrontação direta (Lucas 14:4); a segunda, guardar silêncio para pôr fim ou manter sob controle uma discussão (Atos 11:18; 21:14);a terceira tem o sentido de permanecer inativo, isto é, em descanso. Esse é o significado da palavra em Lucas 23:56, em que as mulheres “descansaram [ficaram em silêncio] no sábado em obediência ao mandamento”. Paulo usa esta palavra num sentido mais ético, como uma virtude cristã, algo que todos os crentes deveriam cultivar. Em I Tessalonicenses 4:10b-12, por exemplo, lemos:

“Exortamo-vos, porém, irmãos, a que ainda nisto abundeis cada vez mais, e procureis viver quietos, tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo mandamos, a fim de que andeis dignamente para com os que estão de fora, e não tenhais necessidade de coisa alguma.”

A vida cristã, portanto, deveria ser tranquila/silenciosa, isto é, livre de controvérsias inúteis. Na maioria das vezes, o verbo é utilizado em situações nas quais existem tensões e/ou controvérsias. Portanto, ele aponta para um tipo específico de silêncio, e não necessariamente a ausência de palavras. Um exemplo disso é o episódio em que a igreja de Jerusalém ouve a explanação de Pedro sobre a polêmica introdução do evangelho aos gentios. Repare o que diz o texto:

“Ouvindo eles estas coisas,apaziguaram-se (hesuchazo/silenciaram-se) e glorificaram a Deus, dizendo:Assim, pois, Deus concedeu também aos gentios o arrependimento para a vida.”Atos 11:18

Como eles puderam glorificar a Deus estando calados? O estar em silêncio aqui significa tranquilizar-se a cerca de um assunto. Cessou-se a polêmica, e como resultado, todos começaram a glorificar a Deus.

A forma substantiva” hesuchios”,que aparece duas vezes no NT, é usado basicamente da mesma forma. Indicando, em primeiro lugar, o silêncio que põe fim a uma discussão (Atos 22:2). Em segundo,evitando declarações controversas e ofensivas (1 Timóteo 2:11-12). Por fim, ele designando a calma da vida cristã que evita dividir a comunidade dos fiéis.

Nesse mesmo sentido encontramos o adjetivo hēsychios, traduzido como “tranquilo, quieto”. Pedro faz uso dele ao recomendar que as mulheres se adornassem com um “espírito dócil e tranquilo” (1Pedro 3:4). Já Paulo recomenda que este tipo de docilidade e calma seja característica de todos os crentes (1 Tm. 2:2) Todos, independentes de gênero,devem buscar “uma vida tranquila e sossegada, em toda a piedade e honestidade”.Tendo isso em mente, concluímos que em 1 Timóteo 2:11-12,  Paulo demonstra estar preocupado em poupar a igreja de controvérsias desnecessárias. No verso 8, Paulo exorta os homens a orarem “sem ira nem contenda”. Concernente às mulheres, sua preocupação era comas reações e atitudes que provocassem divisões. A fim de evitá-las, ele as admoesta a “aprender em silêncio, com toda a sujeição”, algo que era esperado de um discípulo, independente de ser homem ou mulher. O que Paulo proíbe é afala de uma estudante que possa interromper ou atrapalhar o processo do aprendizado, garantindo assim o direito dos outros de ouvir e aprender. Algo semelhante ao que um professor faz em nossos dias, exigindo disciplina de sua classe. Portanto, a frase “esteja em silêncio” não significa que elas devessem permanecer mudas, e sim que declarações controvérsias seriam inaceitáveis. E por que Paulo referiu-se especificamente às mulheres? Possivelmente porque algumas delas já haviam se tornado o alvo de falsos mestres e seus ensinamentos, conforme conferimos em 2 Timóteo 3:6. Como resultado, elas estariam promovendo controvérsias na igreja.

Creio que o mesmo princípio se aplique perfeitamente a 1 Coríntios 14:34-35:

“As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas,como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja.”

Se, de fato, fosse vetada a participação feminina nos cultos, não faria qualquer sentido Paulo recomendar nesta mesma epístola que as mulheres, ao profetizarem, o fizessem com a cabeça coberta (1 Co.11:4-5). Nesta passagem, fica claro que tanto homens quanto mulheres tinham o direito a falar. A menos que alguém profetizasse usando linguagem de sinais.

O que Paulo busca salvaguardar neste texto em particular é a honra dos maridos, que, de acordo com a etiqueta vigente naquela sociedade, seria questionada caso a mulher manifestasse publicamente suas questões. Porém, o texto deixa claro que elas tinham o direito de questionar, em vez de engolir a seco qualquer coisa que lhes fosse dita. Isso por si só já representava um grande avanço para as mulheres. Porém,suas questões deveriam ser expostas no ambiente doméstico, a fim de poupar seu marido do vexame público. Portanto, tratava-se, sobretudo, de um problema cultural.

Estou ciente de que meus argumentos não calarão a voz dos que se contrapõem a eles. Espero que, ao menos, levem-nos a refletir. Muitos dos que defendem que a mulher jamais deve ser alçada a uma posição de liderança eclesiástica, também defendem a escravidão como algo justo e um direito dado por Deus. É tarefa sobremodo difícil argumentar com os tais. E o que mais me incomoda é saber que muitos jovens pregadores tendem a comprar pacotes teológicos fechados, sem darem-se o trabalho de examinar item por item. Se Calvino falou, está dito. Não há o que discordar.Se Lutero falou, assunto fechado. Todos estes grandes homens (a quem admiro de verdade) foram filhos do seu próprio tempo, e suas exegeses estavam cativas dos paradigmas culturais e sociais de então. Mesmo atribuindo-lhes honra, ousemos discordar de qualquer coisa que não coadune com o espírito do Evangelho.

Bem, conhecendo o Deus da Bíblia,que tem como costume usar os fracos para confundir os fortes, os loucos para confundir os sábios, não é de se duvidar que Ele seja capaz de levantar mulheres para fazer o que muitos homens se negam a fazer.

Lembro-me de Raquel, pastora das ovelhas de seu pai, a quem outros pastores esperavam para que juntos pudessem remover a pedra que estava sobre a boca do poço, impossibilitando que o rebanho saciasse sua sede (Gn.29:1-10). O mais importante não é o gênero de quem conduzas ovelhas e sim a que fonte elas têm sido conduzidas.

O que acontece na verdade é que os homens de púlpito de mente fechada é o medo que eles tem de perder espaço para s mulheres que tem sido levantadas com mão forte pelo Senhor. Pois no fundo eles sabem que seus ministérios estão fracassados, afundados, sem renovação. Precisamos acordar para a realidade e ser realistas: deus está levantando mulheres com sua mão forte e elas têm sido como potencias vivas nas mãos de Deus. Por que, ao invés de murmurar e se opor aos designíos do Senhor,não aceitam a sua vontade  e apoiam o ministério  feminino em suas igrejas? Lembrem-seda promessa de Genesis 12:2: “abençoarei aos que te abençoarem; e amaldiçoarei aos que te amaldiçoarem.”

O problema é que tem gente que prefere ser tropeço ao invés de ser benção.

Melhor ser a favor de time que está ganhando do que se opor contra o Senhor.

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