Originalmente todos os anjos foram criados bons e em estado de santidade. Isto é plenamente estabelecido pelo caráter de Deus que é absolutamente santo (Gn 18.25).
Alguns afirmam que a queda dos anjos aconteceu antes da criação citada em Gn 1.2, entre os vs 1e 2; que foi esta queda que fez a criação original tornar-se “sem forma e vazia” (Gn 1.1).
Segundo alguns intérpretes teológicos a queda de Satanás e seus anjos é demonstrada em Ezequiel 28.12-17; Isaías 14.12-14. Destas passagens, podemos deduzir que Satanás era, no princípio, o querubim da guarda, o ungido, o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura. Ele vivia no Éden, um jardim mineral. Ocupava uma posição sobre as demais criaturas celestiais. Mas ele juntamente com todos os anjos, tinham a capacidade de pecar e a capacidade de não pecar. E eles estavam em uma posição onde podiam fazer sem serem constrangidos a fazer um ou outro.
A queda dos anjos foi devida à sua revolta deliberada e auto-determinada contra Deus. Foi a escolha do ego e de seus interesses em preferência à escolha de Deus e de Seus interesses.
Satanás, embora apontado e designado para ser guarda do trono de Deus (conf. Ez 28), aspirou a posse de um trono para ele mesmo, e governar sobre “as estrelas de Deus”, isto é, os anjos (Jó 38.7; Jd 13; Ap 12.3-4).
A ambição e o desejo de possuir aquilo que não era seu, levou Satanás a ruína. De qualquer forma foi o egoísmo, descontentamento com aquilo que ele tinha e o desejo ardente de conseguir tudo o qualquer outro tivesse. Sem dúvida a queda de Satanás foi também a queda dos outros.
Por causa da desobediência eles perderam sua santidade original e se tornaram corruptos na sua conduta (Mt 10.1; Ef 6.11-12; Ap 12.9), se tornaram ímpios e pecadores.
Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo” (2ª Pe 2.4).
Sobre esse assunto, devíamos usar uma passagem similar de Judas 6 que diz: “E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão, e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia”.
Todos parecem concordar que Pedro e Judas tinham os mesmos anjos em vistas. Nem Pedro nem Judas falam da natureza do pecado dos anjos. Segundo Judas, os anjos não conservaram suas posições de autoridade, mas abandonaram sua própria morada. A queda dos anjos é descrita como abandono de suas funções no céus, seu lar original. Como punição para este pecado, Deus os lançou no inferno. Inferno do hebraico Sheol, do grego hades, que significa: lugar de suplício, penas e açoites.
“Precipitando-os no inferno”. É uma única palavra em grego tartaroo, que ocorre somente aqui, e que significa “lançar dentro; manter cativo”.
Na mitologia grega, tartaroo, designava a área mais profunda do hades, reservado para a punição dos deuses desobedientes. Pedro usa essa expressão para designar a ideia de que os anjos caídos agora estão na prisão de trevas e morte, separados da divina fonte de vida. Essa não é uma prisão literal porque os demônios ainda estão ativos no mundo dos humanos (1ª Pe 5.8; Jd 9).
No mundo antigo, os presos eram geralmente forçados a trabalhar e em muitos casos ficavam aguardando o julgamento em execução da pena já sentenciada contra eles (Lv 24.10-12; Nm 15.32-36). De acordo com Pedro, os anjos caídos estão encarcerados em trevas espirituais, no reino dos mortos esperando a execução de sua sentença. Eles já foram julgados.
O tempo quando os anjos serão julgados, nos parece que ocorrerá depois da volta em Cristo em glória, depois do milênio. Esse julgamento será para os anjos caídos. Satanás e algumas de suas hostes estão em liberdade para operarem os seus desígnios, dentro dos limites estabelecidos por Deus.
Satanás será primeiramente algemado no início do Milênio e então, ao fim deste período será solto por um pouco de tempo, e por fim será lançado no lago de fogo.
É claro que o Milênio não é o estado final. Os mil anos que Satanás passará no abismo não produzirão nenhuma mudança em seu caráter maligno. A Bíblia ensina que, terminado o Milênio, Satanás será solto de sua prisão por algum tempo (Ap 20.3, 7-10).
Depois deste julgamento (1ª Co 6.3), serão lançados no lago de fogo (Mt 25.41-46; Jd 6; 2ª Pe 2.4).
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