13/04/2014

LEGALISMO RELIGIOSO



Do lat. legale + ismo. Tendência a se reduzir à fé cristã aos aspectos puramente materiais e formais das observâncias, práticas e obrigações eclesiásticas. A palavra traduzida Lei (gr. nomos; hb. torah) significa “ensino ou instrução”. O termo lei pode referir-se aos dez mandamentos e ao Pentateuco.

Relativo à lei, pessoa que pugna pela observância da lei, isto é, briga, combate, batalha, luta pelo cumprimento da Lei da tradição imposta pelos homens.

O legalismo é isto, prima por alguma “prioridade” em detrimento do que é realmente prioritário isto acarreta um grande perigo, pois ele falsifica o Evangelho de Cristo.

A palavra “legalismo” não é encontrada na Bíblia; esta palavra é um sinônimo de legalidade ou observância da Lei. No Novo Testamento, o legalismo foi introduzido na igreja cristã pelos crentes oriundos do Judaísmo que, interpretando erroneamente o Evangelho de Cristo, forçavam os gentios a guardarem a Lei de Moisés. A Lei do Velho Testamento era a sobra das coisas vindouras até que viesse o Messias o nosso salvador, por isso o Velho Testamento não se deve usar como doutrina para o tempo da graça, pois a salvação aos gentios não veio pela lei, mas pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Se fosse pela Lei então Cristo morreu em vão (Gl 3.18-19).

O legalismo ensina que o homem tem que obedecer a certas observâncias e regulamentações para que possa alcançar o favor divino.

O legalismo tem causado muitos transtornos aos cristãos, principalmente nas doutrinas da Bíblia, exemplo: (Soteriologia). O legalismo distorce os alicerces da doutrina da salvação. Paulo nos informa que “... pela graça sois salvo, por meio da fé, e isso não vem de vocês, é dom de Deus” (Ef. 2.8). Quando dizemos que determinado individuo, precisa observar regras e normas para ser salvo estão anulando o sacrifício de Cristo na Cruz no Calvário que é o único meio do pecador arrependido alcançar a salvação. È somente em Cristo que temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados” (Cl 1.14).

[...] Jesus ao confrontar-se com os lideres religiosos de Israel, usou as palavras de (Isaias 29.13), e assim definiu o legalismo religioso. Ele Disse: “seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens” (Mt 15.9). O legalismo confunde doutrinas Bíblicas com Usos e costumes. Paulo nos informa no livro de Romanos 10.3 que: procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus. [Pereira. Legalismo. http://www.advilasolange.com.br/Legalismo.html - acesso dia 15/09/2009].

O legalismo é uma forma de escravidão. A Bíblia diz em Gálatas 4.8-9 “Outrora, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses; agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?”

O legalismo é atrativo, mas destrutivo. A Bíblia diz em Colossenses 2.23 “As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne”.

O legalismo é uma atitude, uma mentalidade baseada no orgulho. É uma conformidade obsessiva a um padrão artificial com o propósito de exaltar a si mesmo. O legalista assume o lugar de autoridade e o leva a extremos injustificados. Daniel Taylor afirma muito bem que ele termina em controle ilegítimo, exigindo unanimidade e não unidade.

A grande arma do autoritarismo, secular ou religioso, é o legalismo: a fabricação e manipulação de regras com o propósito de obter controle ilegítimo. Talvez a mais prejudicial de todas as perversões da vontade de Deus e da obra de Cristo, o legalismo agarra-se à lei as expensas da graça, a letra em lugar do Espírito.

O legalismo prima pelas regras do Antigo Testamento. Pelas regras criadas pelo homem através das tradições herdadas pelos pais. Como já disse se pudermos reforçar vigorosamente as regras criadas pelos homens como meio de santidade e salvação, perderíamos o rumo para o céu.

O autoritarismo farisaico se manifesta na confusão do princípio cristão com insistência em comportamento humano invés de fé e graça. Colocam-se como super espirituais e usam suas experiências e regras similares, e citam frases isoladas para descreverem estas experiências.

O legalista diz na verdade: As coisas que pratico faço para ganhar o favor de Deus. Esquecendo do significado da graça divina “Favor imerecido”.

Devemos compreender que estas coisas não estão expressas nas Escrituras. Elas foram transmitidas ou ditas ao legalista e tornaram-se uma obsessão para ele ou ela. Torna-se um cristão papagaio, só diz o que os outros já disseram.

Você não pode permitir que o legalismo continue da mesma forma que não permitirá que uma cascavel entre sorrateiramente em sua casa. A igreja é a casa de Seu pai, por isso vamos combater o legalismo para que Deus volte a operar maravilhas como foi na igreja primitiva. Você deve saber que a Bíblia é nossa única regra de fé e, se usarmos corretamente, não irá ferir ninguém a não serem aqueles que não aceitam que ela é a inspiração divina, ou que ela não é completa.

Existem líderes que, desconhecendo as regras da hermenêutica, usam a lei mosaica sem conhecer o tempo que deve ser empregada, usam como se estivessem vivendo na época de Moisés. A lei mosaica foi dada por Deus por causa das transgressões do povo hebreu, embora o mandamento fosse santo, bom e justo (cf. Rm 7.12), era inadequado, porque não conseguiu transmitir vida espiritual nem força moral.

No tempo da graça o crente não deve usar como doutrina a lei do Velho Testamento, pois não houve morte do testador, portanto deixou-se de ser usado no sentido doutrinário. Todavia a lei moral que fazia parte da lei continua a ter vigência, pois ela faz parte da santidade do cristão.

O legalismo é isso, prima por alguma prioridade em detrimento do que é realmente prioritário isto acarreta um grande perigo, pois falsifica o Evangelho de Cristo.

Legalismo na história da teologia é a teoria de que um homem obtém e merece a sua salvação fazendo boas obras ou obedecendo a lei.

Paulo era zeloso das tradições judaicas, um fariseu e perseguidor dos cristãos, mas após sua conversão passou a combater os prosélitos da lei; usando suas estratégias e muitas vezes procediam como judeu para ganhar os judeus como se vivesse na lei. “Procedi para os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei” (1ª Co 9.20-21).

Sabemos que existem líderes que forçam a exegese bíblica para provar suas teses, sem saber o tempo e a época que foram escritas. Vejamos por exemplo quando Jesus diz: “Passará os céus e a terra, mas minhas Palavras não passarão” (Mt 24.35).

“... minhas palavras não passarão”. Analisando este texto dentro da exegese Jesus se refere ao Seu Evangelho e as Suas profecias; e, nunca a Bíblia num todo.

Todavia os legalistas de hoje interpretam e ensinam erroneamente a Palavra do Senhor dizendo que Jesus cumpriu a lei e que devemos cumpri-la com base em Mt 5.17-18, onde o Senhor diz: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir”.

Porque a lei só deixaria de ter vigência depois de cumprida. Pergunta-se: Qual foi o homem, além de Jesus Cristo, que cumpriu a lei? Não existiu e não existe ninguém que cumpriu a lei, senão Jesus. Note o que Jesus diz no verso 18: “Nem um jota ou um til jamais passará da lei, até que tudo seja cumprido”.

O Senhor Jesus prevê a cessação da validade da lei depois de preenchido o seu propósito. Ele disse: Porque em verdade vos digo “... até que tudo seja cumprido”. A permanência da lei permaneceu até o seu cumprimento por alguém, isto é, por Jesus Cristo, que cumpriu e aboliu a lei.

Sabemos também, através de Paulo, que Cristo nasceu de mulher; e viveu sob a lei, a fim de cumpri-la e, cumprindo-a (Mt 5.17-18), findou-se a lei para justiça, deste modo, pode cravá-la na cruz (cf. Ef 2.13-16), para possibilitar a justificação de todo àquele que crê; o que era impossível à lei (At 13.38-39; Rm 3.23-24) e é possível mediante a fé em Cristo (Rm 5.1).

A Igreja não está obrigada a cumprir as regras do Velho Testamento, pois o Senhor Jesus, através de Sua morte, libertou-nos da maldição da lei. O próprio Filho de Deus ensinou: o que realmente importa na lei são as reedificações de Deus quanto á justiça, á misericórdia e a fé (Mt 23.23; cf. Mq 6.8; Mt 5.17; Rm 10.4).

I.        EBIONISMO – UMA QUESTÃO LEGALISTA

 Os ebionitas (do hebraico אביונים,Ebyonim,, que significa “pobre”). O Ebionismo se desenvolveu na comunidade judaico-cristã em Jerusalém e arredores. Os ebionitas eram geralmente judeus recém-convertidos ao Cristianismo, que acreditavam ser a verdadeira igreja. Eram tão radicais que não aceitavam as epístolas de Paulo, por motivo de Paulo nestas epístolas reconhecer os gentios convertidos. Em seus esforços de misturar elementos do Judaísmo e Cristianismo, rejeitaram os preceitos de Paulo e a helenização do Cristianismo. Acreditavam que a suprema expressão da vontade de Deus era a lei judaica. A salvação da obediência à lei e a da fé em Jesus Cristo. Não contavam com a credibilidade dos cristãos gentios.

“A igreja primitiva lutou para se tornar um corpo unificado, em meio a conflitos de ordem externa (a perseguição) e interna (que surgiram envolvendo as doutrinas da igreja).

Os fariseus e judeus recém convertidos, mas que queriam viver sob a lei e tradições judaicas, foram chamados de judaizantes (Gl 2.14). O termo judaizante vem do verbo grego ioudaizo “viver como judeu”. Este vocábulo surgiu em decorrência de os cristãos de origem hebréia, mesmo após o concílio de Jerusalém (At 15), continuarem insistindo na necessidade de os convertidos gentios viverem como judeu. Infelizmente, os judaizantes ainda estão por aí defendendo a guarda do sábado, as leis judaicas (leis dietéticas prescrita por Moisés) e os ritos judaicos e outras tradições que surgiram no decorrer da história da Igreja.

A seguinte ferramenta ou arma que os fariseus usam é a perseguição eclesiástica; são eles que estreitam o caminho para o céu e escravizam as pessoas.

Além da lei judaica os fariseus acrescentavam a lei oral (tradições humanas). São assuntos de suma importância que iremos abordar, para que o leitor seja fiel as verdades bíblicas.

II.     OS PRIMEIRO JUDAIZANTES

1. O Cristianismo Não Judaizou O Mundo. [...] O cristianismo teve origem no contexto judaico e deste recebeu uma rica herança teológica e ética. Haja vista o próprio Cristo. Nascido “conforme a lei” (Gl 4.4), cresceu e viveu dentro da cultura judaica (Lc 2.40-43). Durante o seu ministério, reconheceu as Escrituras Hebraicas e a autoridade de Moisés (Mc 7.13; Lc 5.14). Todavia, não pregou costumes judaicos; Seus apóstolos não judaizaram o mundo. O apóstolo Paulo, discursando no Areópago, não deu uma aula sobre o tetragrama hebraico do Antigo Testamento [yhwh Yahweh]. Sua preocupação era pregar a principal mensagem do cristianismo: a ressurreição de Jesus (At 17.31). [ESEQUIAS SOARES. 2º Trimestre de 2006 Escola Bíblica CPAD. Rio de janeiro RJ.

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