No Primeiro Livro de Reis, capítulo 16, lemos a história de uma rainha estrangeira chamada Jezabel, que casou-se com o rei Acabe, e ajudou a promover no reino israelita a adoração ao deus Baal.
Baal representava a fertilidade e a prosperidade no mundo antigo do Crescente Fértil (região que abrangia a Palestina e Mesopotâmia). Era visto como a divindade que mandava chuvas, fazia os rebanhos multiplicarem-se, e afastava as doenças (algo muito importante numa economia essencialmente agrícola).
Segundo a mitologia dos cananeus, Baal morria no inverno e voltava à vida na primavera, trazendo fertilidade aos homens e animais, o que era motivo de grandes celebrações anuais, com rituais bacanálicos, envolvendo sexo ritual, incesto e serpentes.
O profeta Elias foi o grande opositor da adoração a Baal em sua época. Conforme o Primeiro Livro dos Reis, capítulo 17, Elias era um tisbita, ou seja, da localidade de Tisbé, na região de Gileade, na Palestina (Israel). Era um lugar tão pouco conhecido que a maioria dos arqueólogos não tem certeza de sua localização. Era um lugar rude, de gente queimada pelo sol, sem grandes refinamentos.
O castigo que Deus mandou que Elias viesse noticiar ao povo (3 anos de seca) visava mostrar que Baal não era o deus das chuvas e da fertilidade.
É muito conhecido o texto bíblico em que Elias enfrenta os profetas de Baal, orando e tendo fogo do céu como resposta, mostrando que o Senhor (Jeová) é o Deus verdadeiro, obtendo assim apoio do povo para matar os sacerdotes do deus falso.
Mas ao contrário do que possa parecer, Baal não foi apenas uma divindade pagã dos tempos do Antigo Testamento, que foi esquecida pelo passar das eras.
Nada disso: BAAL VIVE, apenas mudou de nome. Hoje, ele é conhecido por PROSPERIDADE, SUCESSO ou vários outros sinônimos. O culto aos bens materiais vai além do mero “capitalismo selvagem”; a imagem de pessoa rica, bem-sucedida, de bem com a vida, próspera, é uma imagem buscada ansiosamente por grande parte dos evangélicos de hoje.
A humildade, desprendimento e ascetismo dos primeiros tempos do Evangelho em terras brasileiras, representado por pioneiros como Daniel Berg e Gunnar Vingren, deu espaço a uma elite de “ungidos” e “homens de Deus” que andam de jatinho particular, moram em mansões e condomínios de luxo, colecionam Rolexs, vestem Armani e Versacce, e rodeiam-se de um séquito de aspirantes assemelhados.
A ideia de que a benção de Deus se manifesta em uma vida onde se prova “o melhor desta terra” tomou conta da mentalidade neoevangélica, embora existam diversos grupos e indivíduos que resistem bravamente.
Se Baal ainda vive, não faltam os Acabes e Jezabéis, lideranças prontas a promover a adoração ao falso deus, porque lhes convém e os sustém nas suas posições.
Também não faltam os profetas de Baal, prontos a espalhar entre o povo as ideias e práticas do “novo mover”.
Mas, para completar o cenário, falta Elias. E aqui chegamos ao ponto fundamental destas breves linhas.
Deus procura Elias para enfrentar os Acabes de hoje.
Deus procura Elias para fugir das Jezabéis de hoje.
Deus procura Elias para envergonhar Baal hoje.
Deus procura Elias para desmascarar os profetas de Baal hoje, não mais orando para o fogo cair do céu ou para vir a seca por anos sobre a terra, mas agora mostrando o fogo do Espírito Santo em seu viver.
Ao contrário do que se possa dizer, o trabalho solitário de Elias rendeu, sim, frutos maravilhosos; não foi um trabalho em vão.
Em primeiro lugar, 7mil pessoas mantiveram-se firmes na adoração ao Deus verdadeiro (1º Rs 19.18).
Em segundo lugar, o casal real saiu de cena de forma trágica e exemplar (1Rs 22:34-35; 2Rs 9:35-36), e de sua descendência ninguém restou (2Rs 10:11), mostrando que tudo que a pessoa plantar, isso colherá.
Em terceiro lugar, Elias implantou, por algum tempo em Israel, o respeito aos verdadeiros homens de Deus.
Explico melhor: em vida, Elias foi perseguido, rejeitado, e chamado até mesmo de “perturbador de Israel” pelo rei (1Rs 18:17). Seu sucessor, Eliseu, foi outro combatente feroz da idolatria e da injustiça, mas em seu leito de morte, quanta diferença:
2Rs 13:14 E Eliseu estava doente da enfermidade de que morreu, e Jeoás, rei de Israel, desceu a ele, e chorou sobre o seu rosto, e disse: Meu pai, meu pai, o carro de Israel, e seus cavaleiros!
Vejam só: o rei Jeoás, rei de Israel, neto de Jeú (o que pôs fim à dinastia de Acabe), apesar de ser um rei que fazia o que era mau aos olhos de Deus (2 Rs 13.10-11), chorou no leito de morte do profeta Eliseu, chamando-o de “meu pai” e atribuindo-lhe a elevada honra de ser o verdadeiro exército de Israel. Por que tanta diferença no tratamento dos profetas? A resposta é uma só: a marca de Elias.
O rei Jeoás podia ser um ímpio, mas não era burro. Ele não queria para si e sua descendência o mesmo fim de Acabe, e soube, em temor e tremor, tratar da maneira correta o profeta de Deus.
Tudo isso como resultado da ação isolada de Elias. Isolada, mas não solitária. Elias nunca esteve só: ao seu lado tinha o Deus Todo-Poderoso.
Precisamos urgentemente de vários Elias em nosso tempo. O mesmo Deus que esteve com o tisbita lança o chamado, e promete se fazer presente com os que aceitarem esse desafio (Mt. 18.20).
Alguém se habilita?
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