È importante que compreendamos o fenómeno da apostasia, pois todo o crente devia ser capaz de identificar e de resistir a este curso retrógrado na sua vida espiritual, quando quer que lhe toque à porta. Se quizermos determinar a verdade objectiva àcêrca da apostasia espiritual, devemos consultar a Bíblia e não os dogmas tendenciosos e erróneos da igreja.Algumas igrejas, principalmente na tradição wesliana, concordam com a possibilidade de se entrar em apostasia, enquanto que outras, na maior parte calvinistas ou luteranas, rejeitam essa possibilidade e a possibilidade de se poder perder a graça. O que diz a Bíblia?
Estagnação e declínio
A vida espiritual de um Cristão não é uma condição estática e imutável. Uma pessoa ou progride ou pára e começa a declinar. O conselho bíblico é que uma pessoa, homem ou mulher, deve crescer espiritualmente, a caminho da maturidade, em Cristo (Efésios 4:13-14; Hebreus 5:12 a 6:1). Pedro diz: “Vós portanto, amados, uma vez que sabeis destas coisas de antemão, tende cuidado que não venhais também a perder a vossa própria firmeza, sendo levados pelo êrro dos abomináveis; mas crescei em graça e no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 3:17-18).
Num estilo caloroso e com amor, Pedro encerra a sua carta com uma palavra de aviso e uma palavra de encorajamento. Os professores Walvoord & Zuck (Comentário do Conhecimento Bíblico) dizem: “As palavras uma vez que sabeis destas coisas de antemão são tradução da palavra grega (proginoskontes) de que derivou a palavra inglesa prognóstico. Quando se faz um prognóstico médico, o doente fica melhor habilitado a preparar-se para o que está para vir e, se possível, para se corrigir. Quando o médico lhe diz “se continuas a comer tanto como comes, dentro de alguns anos vais ter graves problemas cardíacos”, êle sabe de antemão o que se passa e portanto pode alterar a sua vida de acôrdo com a informação que possui. Pedro avisou depois “tende cuidado que não venhais também a perder a vossa própria firmeza, sendo levados pelo êrro dos abomináveis; mas crescei em graça e no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. O verbo levados acentua tratar-se de um movimento de grupo. Os professores falsos não se satisfazem com fazer uma emboscada de vez em quando, aqui e ali a uma ou duas pessoas; o seu desejo é afastar grandes grupos da doutrina correcta de Cristo. As pessoas que acompanham tal gente correm o perigo de ser levadas (traduzido como feitas tropeçar em 2 Pedro 1:10 e de cair em Galatas 5:4 ).
Se uma pessoa não crescer em graça e no conhecimento de Cristo, então até o conhecimento que de facto tenha pode ser corroído com o tempo, expondo-se à decepção. A Bíblia avisa-nos contra a estagnação espiritual, pois ela constitui o oposto de crescer em graça e em santidade: “Segui…santidade …procurando diligentemente que ninguém se prive da graça de Deus; e que nenhuma raiz de azedume brotando, vos cause problema com que muitas pessoas sejam contaminadas” (Hebreus 12:14-15).
Verifica-se que as pessoas em apostasia tornam-se azedas, críticas e mesmo julgadoras dos outros. Com a sua conversa instilam noutras pessoas estes pensamentos negativos, enfraquecendo-as espiritualmente. Alguns apóstatas até se tornam azedos contra Deus porque, segundo afirmam, Êle permite que certas coisas lhes aconteçam. Mas não atribuem a culpa das suas aflições à sua carnalidade ou ao diabo que os tenta. Consideram-se mártires inocentes, e inspiram sentimentos de descrença e de dúvida entre os Cristãos que os aconselham.
A causa básica da apostasia é o pecado. Muitos Cristãos não resistem ao pecado. Devido à sua atitude de complacência, expõem-se ao pecado e consequentemente são afastados do Senhor. “Não vos enganeis: As más companhias corrompem os bons hábitos” (1 Coríntios 15:33). Jesus disse: “O pecado reinará por toda a parte e arrefecerá o amor de muitos” (Mateus 24:12; Bíblia Viva).
Restauração ou maior apostasia
O conselho aos apóstatas é que devem abandonar o caminho perigoso do pecado e voltar ao Senhor. Se o não fizerem podem cair num estado de rebelião, que levará o Senhor a retirar-lhes o Espírito Santo, terminando assim o Seu relacionamento com êles. O Senhor Jesus disse à congregação de Éfeso: “No entanto, tenho isto contra ti, que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te portanto donde caíste; arrepende-te e faz as primeiras obras, ou Eu virei a ti repentinamente e tirarei o teu candelabro de onde está – a não ser que te arrependas” (Apocalipse 2:4-5). O candelabro é o vaso em que se deita o óleo que mantem a lâmpada acesa. Isso simboliza o trabalho do Espírito Santo. Quando se remove o candelabro, tudo se enche de escuridão.
No Velho Testamento verificou-se o mesmo resultado do pecado voluntário: “Mas quando um homem recto abandona a sua rectidão e comete iniquidade, procedendo de acôrdo com todas as abominações que o homem abominável pratica, deverá êle viver? Toda a rectidão que êle praticou não será lembrada; por causa da infidelidade de que está culpado e do pecado que cometeu, por causa dêles morrerá” (Ezequiel 18:24).
Este é o fim trágico da apostasia contínua. O Senhor disse de Israel: “Será que cairão e não se levantarão? Será que um se afasta e não volta? Então porque é que êste povo se afastou, Jerusalém em perpétua apostasia? Eles agarram-se à decepção, recusam-se a voltar” (Jeremias 8:4-5). Eles foram muitas vezes chamados ao arrependimento dêste estado: “Volta, apóstata Israel, diz o Senhor, e Eu não farei a Minha ira cair sôbre ti; porque Eu sou piedoso” (Jeremias 3:12). “Eu curarei a sua apostasia, e amá-los-ei livremente… eles serão vivificados” (Oséas 14:4-7).
O pecado e o mundanismo
As pessoas culpadas de pecado contínuo e mundanismo, vão cair infalìvelmente em aínda maior apostasia. Se uma pessoa está neste caminho, prejudicará e eventualmente destruirá a sua vida espiritual. Inicialmente uma pessoa apenas arrefece e passa a ser um Cristão apóstata, mas eventualmente pode afastar-se da fé e cair da graça, se não se arrepender a tempo.
Paulo avisou sèriamente contra esta possibilidade “Cuidado irmãos, que não haja em qualquer de vós um coração mau de descrença afastando-vos do Deus vivo; antes, exortai-vos uns aos outros diàriamente, enquanto se chama hoje, para que nenhum de vós seja endurecido através do engano do pecado” (Hebreus 3:12-13).
É óbvio que estes “irmãos”devem estar atentos, precavendo-se contra ceder ao pecado. Se contìnuamente se dedicarem ao pecado, afastar-se-ão do Deus vivo e acabarão por ter um coração mau e descrente. No caso de morrerem nesta condição, certamente que abrirão os olhos no inferno. Devem arrepender-se de novo, se quizerem restabelecer o seu quebrado relacionamento com Deus.
Um exemplo de extrema apostasia encontra-se na parábola do filho pródigo. Êle quebrou voluntàriamente o seu relacionamento com o pai ao desejar viver uma vida de pecado no mundo. No mundo êle viveu uma vida pródiga e gastou o dinheiro em prostitutas (Lucas 15:13,30).
Felizmente, este jóvem caíu em si quando vivia como pecador. Ansiava por voltar ao pai e restaurar o seu relacionamento com ele. Estava disposto a submeter-se incondicionalmente à autoridade do pai, a ponto de se tornar até um servo humilde e indigno na sua casa.
O filho perdido sabia que tinha pecado gravemente e que o seu pecado o tinha separado do pai. E resolveu pôr fim por completo à sua vida pecadora, abandonando-a inteiramente. “Vou levantar-me, vou para meu pai e vou dizer-lhe, Pai, pequei contra o céu e contra ti” (Lucas 15:18). O pai perdoou-lhe do coração e restaurou-o por completo na sua casa. Desta parábola compreendemos, que existe definitivamente graça para os apóstatas – mesmo se se tornarem de novo escravos do pecado, se afastarem para longe de Deus e caírem da graça.
Não cometamos o êrro de justificar o filho pródigo no seu estado apóstata, assumindo que nunca se podia perder por ser sempre e em todas as circunstâncias filho de seu pai. O próprio pai disse ao filho mais velho: “O teu irmão estava morto mas está de novo vivo, estava perdido mas foi encontrado” (Lucas 15:32). Na sua condição apóstata, o filho não estava fìsicamente morto, mas sim espiritualmente. Foi descrito como”perdido” e como “morto”mas foi vivificado da sua morte espiritual.
A palavra grega para vivificar (anazao) significa literalmente viver de novo. A concordância e dicionário de Strong dão-lhe o significdo de “recuperar a vida, viver de novo, reviver.”Esta palavra só pode ser aplicada a uma pessoa que estava viva, que depois morreu e que foi depois trazida à vida. O filho estava vivo enquanto esteve em casa de seu pai, morreu depois espiritualmente enquanto viveu uma vida de pecado, ficando portanto morto, mas foi de novo vivificado espiritualmente ao voltar ao pai.
Algumas pessoas nunca regressam do seu estado de perdidas e perecem. Aconteceu isso com Saul. A Bíblia diz: “ Mas o Espírito do Senhor abandonou Saul” (1 Samuel 16:14; veja-se 1 Samuel 18:12). Pouco antes da sua morte, Saul consultou um médio para falar com o espírito de Samuel. E Saul disse a Samuel “Estou profundamente preocupado, porque os filisteus fazem guerra contra mim e Deus abandonou-me e já não me responde”. E então Samuel disse-lhe: “Então porque é que te diriges a Mim, se o Senhor te abandonou e se tornou teu inimigo?” (1 Samuel 28:15-16).
No Novo Testamento lemos àcêrca de Demas que era apóstata. Em parte alguma se afirma que êle tenha voltado ao Senhor. Paulo disse: “Porque Demas me abandonou tendo amado o presente mundo” (2 Timóteo 4:10). O seu problema era o mesmo do filho pródigo, que foi tentado e atraído pelos vis prazeres do mundo.
A nossa aliança espiritual e vidas morais podem mudar, dependendo do reino espiritual que sigamos. Os fariseus, sacerdotes e escribas de Israel não- salvos, tinham como pai o diabo. (João 8:44). No entanto muitos deles tornaram-se mais tarde obedientes à fé, transformando-se portanto em filhos de Deus (Actos 6:7). Mas tais pessoas continuam a possuir a sua vontade própria; podem sucumbir a tentações e doutrinas de demónios e em consequência entrar em apostasia a ponto de se afastarem da fé, tornando-se espiritualmente perdidos e mortos (1 Timóteo 4:1; Galatas 5:4). Notemos que apenas crentes se podem afastar da fé. Terão então perdido a sua eterna segurança, que temos apenas em Cristo, e que só possuimos enquanto estivermos n’Êle. O nosso relacionamento com Cristo não precisa ser quebrado. Nós é que o podemos quebrar.
Oração de rededicação
É grande motivo de alegria, quando uma pessoa que abandonou a fé responde imediatamente ao conselho para confessar os seus pecados e voltar ao Senhor. O rei David tinha pecado gravemente ao cometer assassínio e adultério. Mas imediatamente se curvou perante o Senhor, quando foi admoestado pelo que tinha feito. Êle orou: “Contra Ti, apenas vontra Ti pequei a Teus olhos e cometi este mal… Purifica-me e serei limpo: lava-me e ficarei mais branco que a neve… Apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim um coração limpo ó Deus, e renova em mim um espírito firme. Não me expulses da tua presença e não me retires o teu Espírito Santo. Restaura em mim a alegria da Tua salvação e sustem-me com um espírito generoso. Então ensinarei os Teus caminhos aos transgressores e os pecadores a Ti se converterão” (Salmo 51:4,7,9-13).
David compreendeu que existia a possibilidade definida de Deus lhe retirar o Seu Espírito Santo mas, devido ao seu arrependimento tal não aconteceu. Deus também deu a David a garantia de que não abandonaria seu filho Salomão, da mesma maneira que tinha abandonado Saul: “A minha compaixão não se afastará d’êle como fiz com Saul, que retirei da tua frente” (2 Samuel 7:15). Salomão era um apóstata, que adorou ídolos depois de ter servido ao Senhor durante muitos anos (1 Reis 11:4-10).
Declínio doutrinal
A Bíblia avisa-nos claramente contra o declínio doutrinal. As pessoas que se afastam da verdade estão a fazer o jôgo de Satanás, pois acreditam em mentiras e em falsas interpretações das verdades das Escrituras: “Agora, o Espírito afirma expressamente, que nos tempos do fim alguns vão afastar-se da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demónios” (1 Timóteo 4:1).
Tais pessoas abandonam a verdadeira fé e abraçam ensinamentos falsos. E isso constitui rejeição da salvação baseada na morte substitutiva do Senhor Jesus. Nos tempos modernos há muitos teólogos que já não acreditam no nascimento virgem, no papel redentor do Messias, e na divindade do Senhor Jesus. Os prègadores que andam a proclamar estas e outras heresias, estão espiritualmente perdidos e arrastam muitas pessoas consigo no caminho da decepção. Pedro refere-se a prègadores que a princípio estavam salvos (comprados pelo Senhor) mas que mais tarde negaram Cristo e o que Êle na realidade é. Os prègadores apóstatas também atacam e desacreditam os crentes evangélicos que continuam a agarrar-se à verdade. “Mas havia também profetas falsos entre o povo, assim como haverá falsos professores entre vós, que trarão heresias destruidoras, negando mesmo o Senhor que os comprou e trazendo assim sôbre si súbita destruição. E muitos vão seguir os seus caminhos de destruição, por causa de quem o caminho da verdade será blasfemado” (2 Pedro 2:1-2).
Alguns dos mais sérios avisos da Bíblia são dirigidos a falsos prègadores, que uma vez prègaram a verdade mas depois voltaram as costas à mesma. “Êles abandonaram o caminho direito e perderam-se… Pois que, se depois de terem escapado às poluições do mundo através do conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se meteram de novo nelas e se prenderam a elas, o seu fim é pior para êles do que dantes. Porque teria sido melhor para êles não terem conhecido o caminho da rectidão do que, tendo-o cochecido, abandonarem depois o santo comando que lhes foi dado (2 Pedro 2:15, 20-21).
Paulo avisou uma congregação inteira, que estava à beira de negar a morte substitutiva de Jesus por a considerar insuficiente para a salvação. A congregação decidira também seguir a lei e observar a circuncisão: “Vós separásteis-vos de Cristo, vós, que tentais justificar-vos pela lei, da graça tendes caído” (Galatas 5:4).
A alteração da Palavra de Deus
A Palavra de Deus é eterna (Lucas 21:33), inalterável (Deuteronómio 4:2) e absolutamente verdadeira (João 17:17). A pessoa que é tão presunçosa a ponto de alterar a Palavra de Deus, que foi escrita por homens santos (2 Pedro 1:21; 2 Timóteo 3:16) injuria a honra de Deus, que é a fonte de toda a verdade. Mesmo que essa pessoa tenha dado um testemunho cristão antes, o seu nome será apagado do livro da vida: “Se alguém acrescentar a estas coisas, Deus acrescentar-lhe-á as pragas que estão descritas neste livro; e se alguém retirar das palavras do livro desta profecia, Deus retirará a sua parte do livro da vida” (Apocalipse 22:18-19; Deut. 4:2).
No entanto, se continuarmos fiéis ao Senhor e à Sua Palavra, Êle nunca apagará o nosso nome do livro da vida (Apocalipse 3:5). Infelizmente, nem todos os Cristãos são vitoriosos. Alguns dêles cometem traição contra o Senhor e contra a Sua Infalível Palavra, curvando assim o joelho a Baal.
Alta traição espiritual
Embora a maior parte dos apóstatas, incluimdo aqueles que cairam da graça, possa voltar de novo ao Senhor e ser restaurada espiritualmente, há também aqueles que nunca mais podem voltar à vida. São êles os que cometeram alta traição espiritual contra o Rei e Salvador ao negá-Lo, despresando assim e rejeitando a Sua graça salvadora. Como o filho pródigo, êles não só foram conquistados pelo pecado, pelas tentações e pelo mundo, mas também difamaram e rejeitaram explicitamente o Senhor.
É favor notar, que apenas Cristãos podem cometer alta traição espiritual. Uma pessoa tem de ser primeiro cidadã do reino do Céu, antes de se poder rebelar contra o Rei que antes serviu e rejeitar o facto de ser Sua propriedade. A Bíblia diz: “É impossível para aqueles que uma vez foram iluminados, experimentaram o dom celestial, partilharam do Espírito Santo e provaram a boa palavra de Deus e os poderes da idade vindoura, trazê-los de novo ao arrependimento se se entregarem à apostasia, visto que crucificam de novo para si o Filho de Deus expondo-O à vergonha pública” (Hebreus 6:4-6).
Tais pessoas rejeitam de facto Cristo conscientemente, expondo-n’O à vergonha pública. Ao fazê-lo, crucificam-n’O de novo e fecham a porta à sua própria salvação, pois rejeitam O Único que os pode salvar: “Porque, se pecarmos voluntàriamente depois de termos recebido o conhecimento da verdade, passa a não haver mais um sacrifício pelos nossos pecados, mas sim a temerosa expectativa do julgamento e da ardente indignação que devorarão os adversários. Qualquer que tenha rejeitado a lei de Moisés morre sem compaixão, perante a palavra de duas ou três testemunhas. Pensai quanto maior castigo não merecerá aquele que espesinhar o Filho de Deus e considerar o sangue do contrato com que foi santificado coisa pouca, insultando o Espírito da graça?” (Hebreus 10:26-29).
A pessoa culpada desta ofensa foi santificada pelo sangue de Cristo – o que está claramente atestado – mas, apesar deste facto, ela espesinha o Filho de Deus, considera o Seu sangue coisa comum e insulta o Espírito Santo. Isto constitui a rejeição directa do Mediador do Novo Testamento. Os israelitas que cometeram alta traição contra Moisés, o mediador do Velho Testamento, foram executados sumàriamente. Quanto maior castigo não receberá aquele que voluntàriamente cometer alta traição contra Jesus Cristo?
Paulo repetiu êste sério aviso aos crentes hebreus: “Segui a paz com todos os homens, e a santidade, sem a qual nenhum homem verá o Senhor: Atentando diligentemente que nenhum perca a graça de Deus; que nenhuma raiz de azedume vinda ao cimo cause problemas e desta maneira muitos se corrompam; que não haja qualquer fornicador ou profano como Esau, que por um pedaço de comida vendeu o direito de primogénito” (Hebreus 12:14-16).
Os professores Walvoord & Zuck (Comentário do Conhecimento Bíblico, p.810-811), afirmam: “A paz com todos os homens bem como a santidade pessoal devem ser vigorosamente procuradas, pois sem santidade ninguém verá o Senhor. Uma vez que pecado algum pode estar na presença de Deus, os Cristãos devem ser – e serão, – sem pecado, quando enfrentarem o Senhor (veja-se 1 João 3:2). A compreensão disto oferece-nos motivação para seguirmos a santidade aqui no presente. Mas o autor também pode ter tido em mente o pensamento que a percepção de Deus por uma pessoa é condicionada pela medida real da sua santidade (Mateus 5:8), mesmo agora.
Como lembrança grave do que pode acontecer entre os crentes, o autor avisou, que uma pessoa que não tenha a graça de Deus pode tornar-se como uma raiz azeda, cuja infidelidade para com Deus afecta outras pessoas. Aqui, o autor tinha em mente Deuteronómio 29:18, em que um apóstata doVelho Testamento foi descrito como‘raiz productora de veneno amargo’: ‘Para que não possa haver entre vós homem ou mulher, família ou tribo, cujo coração se afaste hoje do Senhor nosso Deus e vá e sirva os deuses destas nações e para que não haja entre vós uma raiz amarga’. Tal pessoa seria sem Deus (profana, não abençoada, dessagrada) como Esau, irmão de Jacob, cujo carácter leviano e profano o levou a vender o direito à sua herança na qualidade de primogénito, só pelo prazer de uma única refeição. O autor aconselha os leitores a não cederem a pressões transitórias e perderem as suas heranças. Se alguns o fizessem, acabariam por lamentar tal passo louco, e poderiam ver os previlégios das suas heranças irrevogàvelmente perdidos, como aconteceu com Esau. Isto é claro, seria verdade de uma pessoa que abandonasse a sua experiência Cristã num estado de apostasia, contra o que o autor tinha contìnuamente insistido”.
A difamação contra o Espírito Santo é também um pecado imperdoável, pois a pessoa que a pratica resiste, difama e afasta o único Espírito que a pode convencer do pecado: “Todo o pecado e blasfêmea será perdoado aos homens, mas a blasfêmea contra o Espírito Santo não será perdoada aos homens” (Mateus 12:31). As pessoas que insultaram o Espírito Santo agindo blasfemosamente contra Êle, nunca mais serão convencidas do seu pecado, e portanto não se podem arrepender e ser salvas.
Segurança eterna
Que diremos da doutrina calvinista da segurança eterna, à luz do que foi dito acima? Tal doutrina apoia-se fortemente na afirmação de Jesus: “As minhas ovelhas ouvem a Minha voz e Eu conheço-as e elas seguem-Me. E Eu dou-lhes vida eterna, e elas nunca perecerão; e ninguém as arrebatará da Minha mão” (João 10:27-28).
No entanto, a garantia dada nesta Escritura é que nenhum poder exterior nos arrebatará da mão do Senhor. Êle não permitirá que sejamos tentados para além do que podemos, para nos podermos aguentar (1 Coríntios 10:13). O diabo não nos pode arrrebatar da mão do Senhor, a não ser que cedamos às suas tentações pecando voluntàriamente. Mas a possibilidade existe sempre, que podemos por nossa livre vontade torrnar-nos infiéis e afastarmo-nos do Senhor.
A condição da promessa em João 10:27-28 é que devemos continuar a escutar o Senhor e a segui-Lo. Se o não fizermos, podemos por certo esperar problemas. Jesus disse: “Estai em Mim e Eu em vós; da mesma maneira que o ramo não pode produzir fruto por si próprio se não estiver na videira, também vós não podeis se não estiverdes em Mim…se algum não estiver em Mim, êsse é deitado fora como ramo e seca; e é colhido e lançado ao fôgo e arde” (João 15:4-6).
Se estivermos n’Êle, como Êle está em nós, então nunca pereceremos. Mas o que acontece se nos tornarmos infiéis a Cristo e nos afastarmos da verdade da Sua Palavra? Então podemos apostatar (tornarmo-nos espiritualmente sêcos), cair da graça (ser deitados fora como ramos) e perecer (ser lançados ao fôgo). Nós continuamos a ter livre arbítrio e por isso podemos tomar as decisões erradas e pecar. Uma coisa é certa: Teremos sempre de sofrer as consequências do que fazemos. Muitos dos santos anjos pecaram e foram expulsos do céu (2 Pedro 2:4). Por terem teimosamente e conscientemente cometido traição contra Deus, êles e o seu chefe Lucifer nunca podem ser restaurados ao favor de Deus. Continuarão a ser eternamente anjos perdidos.
Da mesma maneira, os seres humanos também têm a capacidade de se virarem contra Deus. Podem ofender o Espírito Santo e até resistir-LHE e abafá -LO nas suas vidas (Actos 7:51; Efésios 4:30; 1 Tessal. 5:19). A semente incorruptível através da qual são salvos, pode ser sufocada pelos espinhos do pecado existentes nas suas vidas (Mateus 13:7-22). Quando isso acontece, nenhuma outra pessoa os arranca da mão de Deus, mas decidem êles próprios abandonar o caminho estreito e fazer lugar para o diabo, voltando assim de novo ao caminho largo da complacência, do pecado e do mundanismo.
Todo o Cristão tem a obrigação de continuar no caminho do Senhor até ao fim e nunca se desviar dêle. “Visto que nos tornámos participantes de Cristo se mantivermos firme até ao fim o princípio da nossa confiança” (Hebreus 3:14; veja também 3:6). Isto claramente significa que não devemos abandonar a nossa fé em Cristo, como fazem alguns crentes. Paulo exortou Timóteo a manter firme a fé através da sua vida, de maneira a possuir “fé e uma boa consciência, e que alguns tendo rejeitado a fé naufragaram” (1 Timóteo 1:19).
Ninguém deseja ser enganado e naufragar, mas para isso devemos estar em Cristo e obedecer à Sua Palavra. Se nos desviarmos do caminho da verdade, o que nos espera é tropeçar espiritualmente e por último o naufrágio. Jesus Cristo é capaz de nos ajudar a não tropeçar, e de nos apresentar inocentes perante a Sua Glória, se acreditarmos que o pode fazer (Judas verso 24).
Uma pessoa não pode viver como gosta, cair no pecado e descrença de Hebreus 3:12-13 e enganar-se a si mesmo pensando que continua a caminho do céu! Nós devemos agarrar-nos com firmeza ao Senhor e à Sua Palavra. A perseverança dos santos exige que sigam diligentemente Cristo. Êles devem tornar-se fortes no Senhor e na fôrça do Seu poder e vestir toda a armadura de Deus para poderem resistir às artimanhas do diabo (Efésios 6:10-11). Se o não fizerem, podem perder a sua vigilância e ser apanhados desprevenidos por Satanás.
Quando são desviados por ensinamentos falsos, devem ser edificados, “em humildade corrigindo os que resistem, pois pode ser que Deus os traga ao arrependimento para cairem em si e aprenderem a verdade, escapando assim à armadidlha do diabo que os apanhara para fazerem a sua vontade” (2 Timóteo 2:25-26). Apenas os que estão em Cristo e na verdade da Sua Palavra podem gozar da segurança eterna e contínua libertação da decepção satânica.
O Ponto de Vista de Arthur Pink
O calvinista Artur Pink fez o seguinte comentário sóbrio, à promessa contida em joão 10:27-28, que é tida por muitos dos seus companheiros calvinistas como garantia incondicional da segurança eterna: “Está a propagar-se hoje em dia largamente, uma heresia condenável e mortal, que diz que se um pecador aceitar Cristo como seu Salvador pessoal, não importa como possa viver depois, não pode perecer. Isto é uma mentira satânica, pois está em directa oposição ao que ensina a Palavra da Verdade. É necessário algo mais que acreditar em Cristo, para garantir que a alma chegue ao céu: ‘Se continuardes na Minha Palavra, então sois de verdade Meus discípulos’ (João 8:31). A Bíblia Ampliada diz: ‘se vos mantiverdes na Minha Palavra – agarrados aos meus ensinamentos e vivendo de acôrdo com êles – então sois de verdade Meus discípulos’.
“As minhas ovelhas – disse Cristo – ‘ouvem (aceitam, obedecem) à Minha voz… e seguem-Me. E Eu dou-lhes a vida eterna, (àqueles que mostram claramente ser Suas ovelhas ao obedecerem à Sua autoridade e seguirem o exemplo que lhes deixou – e não a quaisquer outros) e nunca perecerão’ (João 10:27-28). Não é honesto generalizar a promessa do verso 28, pois deve limitar-se ao tipo de pessoas descrito no verso 27! Estas condições são confirmadas por outras Escrituras. Paulo afirma que através da Sua morte, Cristo vai-nos apresentar santos, inocentes e inatacáveis a Seus olhos, ‘se de facto continuardes na fé, agarrados e firmes e não vos afastardes da esperança do evangelho’ (Colossenses 1:22-23).
‘Agarremo-nos firmemente à confissão da nossa esperança, sem hesitações, pois Aquele que a prometeu é fiel’ (Hebreus 10:23). Há uma necessidade real de orar por graça perseverante, tanto para nós como para os nossos irmãos” (fim da citação de Arthur Pink).
Arthur Pink foi severamentee criticado por outros calvinistas, por definir a perseverança dos santos de maneira a colocar nos crentes a responsabilidade de continuarem a seguir diligentemente o Senhor até ao fim. De acôrdo com êles, um Cristão vai entrar no céu mesmo que se rebele e caia em pecado. De harmonia com os seus ensinamentos anti-bíblicos, a atribuição da santidade liberta-nos de todo o esfôrço humano para viver uma vida santa e digna. No entanto, Paulo disse que embora êle como Cristão competisse na corrida espiritual, isso não lhe garantia a vitória final. E mencionou a possibilidade de até êle poder ser desqualificado. “Mas eu controlo o meu corpo e submeto-o à obediência, para que, quando tiver prègado aos outros, eu próprio não seja desqualificado” (1 Coríntios 9:27).
Apostasia através da decepção
A segurança eterna que o Senhor Jesus nos oferece é condicional. Nós temos de nos arrepender, confessar os nossos pecados e aceitar o Senhor Jesus como nosso Salvador, para nos tornarmos filhos de Deus nascidos de novo. Depois da salvação devemos viver vidas santas e dedicadas, mantendo-nos sempre fiéis a Cristo. Se não perseverarmos no caminho da rectidão e verdadeiro discipulado, corremos o perigo real de sermos enganados por Satanás, terminando como apóstatas. Por favor consideremos os seguintes exemplos:
Corinto: Paulo sentiu-se profundamente desapontado com os membros carnais da congregação de Corinto (1 Coríntios 3:1-3), que não tinham qualquer discernimento e caíam fàcilmente presa da decepção de Satanás: “Porque me sinto zeloso de vós com o Zêlo de Deus. Porque vos preparei para a um marido, para vos poder apresentar a Cristo como uma virgem pura. Mas tenho receio que de uma maneira ou de outra, da mesma forma que a serpente enganou Eva com a sua esperteza, assim as vossas mentes sejam afastadas da simplicidade que há em Cristo. Pois que, se alguém vos prègar outro Jesus que nós não prègámos, ou se receberdes um espírito diferente que não recebestes, ou um evangelho diferente que não aceitastes, bem vai convosco” (2 Coríntios 11:2-4). Tinham-lhes sido apresentados sob a influência de espíritos enganadores, falsos ensinamentos do evangelho de Jesus Cristo, e a maior parte dos membros da igreja aceitara-os ingènuamente.
Éfeso: Os efésios foram avisados sèriamente por Paulo, mas evidentemente não lhe deram ouvidos: “Porque uma coisa sei, que depois da minha partida aparecerão lôbos selvagens entre vós, não poupando o rebanho. Aparecerão também entre vós homens proclamando coisas perversas, para levarem consigo os discípulos”(Actos 20:29-30). Uma geração mais tarde, a congregação inteira entrou em apostasia e foi chamada ao arrependimento por Cristo (Apocalipse 2:4-5).
Galácia: Os galatas tinham-se entregado a um tipo legalista de religião, em que a obra redentora de Cristo não era considerada suficiente para a salvação. Paulo repreendeu-os fortemente por se rebelarem: “Ó loucos galatas! Que é que vos embruchou para não obedecerdes à verdade, vós perante cujos olhos Jesus Cristo vos foi dado como crucificado? Apenas isto gostaria saber de vós: Será que recebestes o Espírito pelas obras da lei, ou por ouvirdes da fé? Sois asssim loucos? Tendo começado no Espírito, estais agora a ser feitos perfeitos pela carne? (Galatas 3:1-3). Êles acabaram como apóstatas, crentes carnais que corriam o risco de cair da graça (Galatas 5:4).
Os crentes hebreus: Muitos dos Cristãos hebraicos perderam a fé por causa da descrença e do pecado (Hebreus 3:12-13). Outros eram crentes nominais sem uma fé verdadeira, pois na realidade não punham a sua confiança na mensagem do evangelho (Hebreus 4:1-2). O Messias reprovou-os por serem hipócritas de corações não renovados e por não terem um relacionamento vivo com Deus, pois apenas obedeciam às tradições dos homens (Mateus 15:7-9; Marcos 7:8-9). Mesmo os que estavam verdadeiramente salvos tinham estagnado e apostatado espiritualmente; por conseguinte, sofriam de falta de crescimento espiritual (Hebreus 5:12-13). Por êste motivo continuavam duvidosos da sua salvação, e arrependiam-se vez após vez sem atingirem a maturidade espiritual (Hebreus 6:1).
Pérgamo: A complacência com que a igreja de Pérgmo lidava com o mundo secular, dera inevitàvelmente origem a deslialdade e infidelidade entre os membros.O Senhor refere-Se a tal complacência como “a doutrina de Balaão que dizia a Balac que colocasse uma pedra de tropêço à frente dos filhos de Israel, que comessem coisas sacrificadas a ídolos e praticassem imoralidade sexual” (Apocalipse 2:14). Muitas das igrejas modernas também já foram levadas a várias práticas de fornicação e impureza moral com as religiões não-Cristãs.
Tiatira: A característica da igreja de Tiatira eram os falsos ensinamentos e a imoralidade sexual. Muitas das igrejas modernas também são culpadas destes pecados devido à proliferação de ensinamentos falsos, enquando que a imoralidade sexual (incluindo o homosexualismo) é abertamente tolerada e mesmo aceite. As igrejas que partilham destas características apostataram de tal modo, que caíram da graça. Não irão no arrebatamento e terminarão no período da tribulação como adoradoras do Anticristo (Apocalipse 2:20-22).
Sardis: A igreja em Sardis possuia apenas uma amostra de santidade, de que tinha de se arrepender. Jesus disse: “Tens a fama de que estás viva, mas estás morta” (Apocalipse 3:1). Ela nada sabia àcêrca de ser regenerada e de ser cheia com o poder do Espírito Santo.
Laodiceia: A confortável e morna igreja de Laodiceia é também típica de muitas das igrejas do tempo do fim. Satisfeita com uma forma exterior de santidade, continuam no caminho de uma adoração formal, sem se darem conta da sua pobreza espiritual. Apesar da sua prosperidade e bem organizadas actividades, Cristo não é adorado com um coração sincero. O Senhor desliga-Se de tal religião feita pelo homem, que tem por fim apenas a riqueza e as aparências exteriores (Apocalipse 3:16-17 – veja-se também 1 Timóteo 6:7-12). Elas confessam o nome do Senhor com a bôca, mas os seus corações estão cheios de si próprias e gabam-se da sua própria excelência.
A riqueza que caracteriza com tanta proeminência as igrejas laodiceanas, consta de mais que simples bens materiais. Refere-se também às realizações intelectuais do homem moderno, e à sua habilidade para resolver os seus problemas com soluções psicológicas. Encantado com a sua auto-rectidão, êle recusa-se a reconhecer a sua dependência de Deus e também troça do evangelho da cruz e do sangue vertido por Cristo para o perdão dos nossos pecados. Laodiceia ssignifica direitos humanos e reflete claramente a natureza humanista desta igreja. Como instituição a igreja é controlada pelo homem e é utilizada como instrumento para a criação de uma sociedade mais humanista (com centro no homem). O resultado é que toda a instituição reflete apenas uma forma de religião. O homem torna-se o seu próprio deus, e prega um evangelho de prosperidade de origem humana, baseado na acumulação de riqueza secular e em realizações humanístas.
Laodiceia revela a imagem do homem racional sem fé. Êle discute tudo com a sua mente. Por conseguinte, a sua religião limita-se a um conhecimento intelectual da Bíblia. A verdadeira experiência da fé, compreendendo a aceitação da promessa divina do renascimento, é-lhe estranha. Com a sua interpretação alegórica e relativista da Bíblia, êle pode pôr de lado estas exigências espirituais básicas e ensinar os seus seguidores a fazer o mesmo. Esta atitude conduz ao estabelecimento de um Cristianismo nominal, e de igrejas que se avaliam apenas de acôrdo com normas humanas. Em termos de parâmetros académicos, consideram-se excepcionalmente boas. Auto-decepção desta natureza traz graves consequências, visto que as pessoas com auto-imposta santidade sem um renascimento espiritual não pertencem ao Senhor.
Avisos às igrejas nominais e apóstatas
O Senhor Jesus avisou da seguinte maneira as igrejas nominais e apóstatas:
· O candelabro das igrejas que apenas possuem uma semelhança de rectidão será removido por Si, o que significa que lhes retirará o Espírito Santo (Apocalipse 2:5).
· As igrejas que mostram complacência com o mundo serão julgadas pela Palavra de Deus, por terem sido falsas para com a Palavra Viva, Jesus Cristo (Apocalipse 2:16).
· As igrejas apóstatas que aceitarem doutrias de demónios acabarão na grande tribulação, a menos que se arrrependam da suas acções (Apocalipse 2:22).
· O Senhor Jesus diz que se afasta por completo das igrejas carac-terizadas por moleza espiritual por causa do aterialismo e da auto-justificação (Apocalipse 3:16-17).
Os verdadeiros Cristãos devem cumprir a sua missão na Terra, aguentando os contínuos ataques de um mundo que se encontra sob a influência do Maligno e também de falsas igrejas que apenas possuem uma forma de rectidão. Esta é uma tarefa sobrehumana que não se pode levar a cabo sem o poder gracioso e capacitador do Espírito Santo e sem uma clara disposição de espírito para continuar no caminho estreito do Senhor até que Êle volte. Apesar da sua pouca fôrça nesta dispensação (Apocalipse 3:8), os verdadeiros discípulos de Jesus Cristo serão alimentados com maná celestial e fortalecidos para a luta.
Nunca devemos desistir por causa da forte oposição retirando-nos da “bôa luta da fé” (1 Timóteo 6:12). Vejamos o exemplo de Jesus: “Pois olhai para Êle, que aguentou tamanha hostilidade dos pecadores contra Si, para que as vossas almas não se sintam cansadas e desencorajadas. Vós, na vossa luta contra o pecado, aínda não resististes até ao sangue” (Hebreus 12:3-4).
“Pois vós necessitais de resistência, de maneira a que, depois de terdes feito a vontade de Deus, possais receber a promessa: Ainda um bocadinho de tempo, e Aquele que vai vir, virá e não demorará. Agora, os justos viverão pela fé; mas se algum voltar a traz, a minha alma não terá prazer n’êle. Mas nós não somos daqueles que voltam a traz para a perdição, mas daqueles que acreditam na salvação da alma” (Hebreus 10:36-39).
É você um vencedor que continua no caminho do Senhor? Jesus Cristo disse: “Olhai, Eu venho depressa! Agarrai-vos ao que tendes, para que ninguém vos possa tirar a vossa corôa” (Apocalipse 3:11). Considerando a Sua súbita vinda, somos exortados a agarrarmo-nos ao que temos, para que o inimigo não nos roube a nossa corôa. Todo aquele que vençer será um pilar no templo de Deus (Apocalipse 3:12), o que é simbólico do lugar permanente reservado no céu para os verdadeiros crentes que vencem.
Antes de ser exilado para a ilha de Patmos, João avisou os crentes contra a apostasia e pêrda da sua recompensa no céu: “Olhai que não perquemos aquelas coisas para que trabalhámos, mas sim que possamos receber uma recompensa completa” (2 João verse 8). Nós devemos efectivamente resistir a doutrinas falsas e à corrupção moral, se desejarmos manter-nos fiéis à doutrina de Cristo.
“Quem quer que transgrida e não se mantenha na doutrina de Cristo, não tem Deus. Aquele que se mantem na doutrina de Cristo tem ambos o Pai e o Filho” (2 João verso 9). Os professores Walvoord & Zuck (Comentário do Conhecimento Bíblico) dizem o seguinte desta Escritura: “Estas palavras sugerem fortemente que o apóstolo estava pensando aqui do abandono da verdade por aqueles que em tempos a tinham seguido. A palavra ‘mantem” (Grego meno) foi usada 23 vezes em 1 João, com referência à vida ‘contínua’. Uma pessoa que não continua numa coisa, evidentemente esteve nessa coisa dantes. Os autores do Novo Testamento foram realistas àcêrca da possibilidade de verdadeiros Cristãos serem presa da heresia e avisaram a tal respeito, particularmente no livro aos Hebreus. João tinha acabado de avisar os seus leitores da possível perda da recompensa (verso 8). E assim, foram avisados a não ir além dos limites da doutrina sã, mas sim a manterem-se onde estavam e a permanecer (continuar) no ensino sôbre Cristo. Desviarmo-nos da verdade é deixar Deus para traz. E Deus não está com uma pessoa que faz isso. E então, o que essa pessoa faz, fá-lo sem Deus.
Cristãos marginais
Como é que uma pessoa deve precaver-se contra a possibilidade de entrar em apostasia? A carnalidade é o terreno onde a apostasia cresce. Se a nossa vida não fôr controlada pelo Espírito Santo, estamos inevitàvelmente a ser controlados pela carne (a velha natureza humana) e seremos Cristãos marginais. A estagnação espiritual instala-se em nós, porque a carne não crucificada bloqueia qualquer forma de crescimento: “Porque a carne cobiça contra o Espírito e o Espírito contra a carne; e estes são contrários um ao outro, de forma que nós não fazemos as coisas que desejamos” (Galatas 5:17).
Os galatas eram uma congregação que tinha começado bem, mas que subsequentemente apostatou para um estado de carnalidade, em que confiavam na carne (Galatas 3:1-3). Os coríntios tinham caido em situação semelhante (1 Coríntios 3:1-3). A solução para este problema é muito clara: “Caminhai no Espírito e não cumprireis o desejo da carne” (Galatas 5:16).
Porque é que é tão perigoso para o apóstata viver sob o domínio da carne? “Se tu viveres de acôrdo com a carne, morrerás; mas, se pelo Espírito condenares os actos do corpo, viverás” (Romanos 8:13). A Bíblia Ampliada diz: “Se viverdes de acôrdo com os ditames da carne, certamente morrereis. Mas se pelo poder do Espírito Santo habitualmente mortificardes os maus actos sugeridos pelo corpo, vivereis genuina e realmente para sempre”. Há apenas uma vida digna de ser vivida, que é a vida de crescente santidade dirigida pelo Espírito. Tal vida exige o abandono da velha natureza, que tem por fim rebaixar-nos ao nível do nosso passado pecador.
“Isto Eu digo portanto, e testemunho no Senhor… no que respeita à vossa antiga conduta, que vos livreis do homem antigo, que cresce corrupto de acôrdo com os desejos enganadores, que sejais renovados no espírito da vossa mente, e que vestais o novo homem, que foi criado de acôrdo com Deus em rectidão e verdadeira santidade” (Efésios 4:217,22-24; também Romanos 12:1-2).
Os Cristãos que se não negarem a si mesmos (a velha natureza) e não carregarem a sua cruz, pela qual o mundo foi para êles crucificado, e êles para o mundo, não podem ser verdadeiros discípulos do Senhor Jesus (Lucas 14:27; Galatas 6:14). Por causa da sua falta de dedicação, tais crentes são candidatos à apostasia. Cuidai daquelas coisas que estão a causar problemas nas vossas vidas: Abandonai-as, adoptando ao mesmo tempo mais completamente a nova vida em Cristo Jesus (Colossenses 3:1-17).
Servi o Senhor com todo o coração, e nunca olheis ou volteis atrás depois de terdes posto a mão na charrua (Lucas 9:62). Estai sempre atentos contra a decepção espiritual. Êste foi o primeiro aviso do Senhor Jesus ao falar no Monte das Oliveiras: “Atentai que ninguém vos engane” (Mateus 24:4).
Nós somos muitas vezes avisados que, no fim dos tempos, a decepção espiritual será a causa de apostasia em larga escala entre crentes. Muitas igrejas e indivíduos vão ser influenciados e até completamente dominados por um espírito de decepção, iniciado pelo diabo como “anjo da luz”, que vai pretender ser um mensageiro de Deus para dar a grupos Cristãos novas ideias, uma visão do domínio do mundo, e sinais e maravilhas poderosas (Mateus 24:24; 2 Coríntios 11:3-4, 13-15; 2 Tessalonicenses 2:3,9-10; 1 Timóteo 4:1; 2 Timóteo 4:3-4).
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